Sistema FAEP

Consecana chega à reunião de número 300, promovendo ambiente saudável de negociação

Criado em 2000, o Consecana reúne, de forma paritária, representantes dos produtores de cana-de-açúcar do Estado e das usinas de etanol e açúcar

Segurança, equilíbrio e previsibilidade para o setor sucroenergético são os propósitos do Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Paraná (Consecana), que realizou sua 300ª reunião em fevereiro deste ano. Criado em 2000, o Consecana reúne, de forma paritária, representantes dos produtores de cana-de-açúcar do Estado e das usinas de etanol e açúcar. No total, são seis integrantes e seis suplentes indicados pelo Sistema FAEP e número igual de participantes representando os sindicatos da Indústria de Fabricação de Álcool no Estado do Paraná (Sialpar) e da Indústria do Açúcar no Estado do Paraná (Siapar).

Ao longo dos seus 25 anos de atuação, que serão completados em abril, o Consecana promoveu um ambiente equilibrado para discutir o preço da cana-de-açúcar. Todos os meses o colegiado apresenta os valores de referência para a matéria-prima a serem utilizados nas negociações entre fornecedores e indústrias. No centro dessa balança está a Universidade Federal do Paraná (UFPR), órgão isento e independente, responsável pela metodologia empregada no cálculo dos preços mensais divulgados.

Presente desde a terceira reunião do Consecana, o produtor rural e ex-diretor do Sindicato Rural de Bandeirantes, Paulo Zambon, lembra do contexto da criação do colegiado. “Antes do Consecana, o governo determinava os preços do álcool, do açúcar e até da pinga”, recorda o produtor, hoje com 90 anos, referindo-se ao Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), autarquia federal extinta em 1990 que, até então, regulava os preços do açúcar e do álcool. Na época, a extinção do órgão criou um vácuo na regulação de preços que levou à necessidade da criação de mecanismos como os Consecanas, primeiro em São Paulo, depois no Paraná.

“Depois da extinção, o Sistema FAEP reuniu o setor sucroenergético e resolveu juntar as partes agrícola e industrial para resolver o caso. No começo, a gente ficava desconfiado em sentar com as indústrias. Até alinhar o setor agrícola com o industrial demorou, mas depois apareceu uma coisa chamada amizade”, revela Zambon. “Todo ano, fazíamos uma reunião de fim de ano com churrasco em Bandeirantes, que reunia os integrantes do Consecana. Isso foi gerando confiança entre as partes”, recorda.

Dias atuais

Hoje, o Consecana realiza reuniões mensais, para definir o preço do Açúcar Total Recuperável (ATR), o ATR por produto e também a projeção do valor da cana básica para a safra em andamento. Segundo a presidente do Consecana Paraná e presidente do Sindicato Rural de Porecatu, Ana Thereza da Costa Ribeiro, o colegiado fortalece as relações de igualdade entre os participantes. “O Consecana é uma baliza e uma segurança para o produtor e a usina”, afirma a dirigente.

Do lado da indústria, a visão é a mesma. Segundo o representante da Associação dos produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar) no Consecana, Dagoberto Delmar Pinto, o colegiado é um “sistema vitorioso”. “É um instrumento de parceria, no qual tanto a indústria quanto os produtores estão em uníssono, como se fossem um único agente perante o mercado. Dessa forma, poderíamos dizer que a propriedade agrícola é uma extensão da usina e vice-versa. Esses dois setores distintos produzem resultado conjuntamente”, analisa. “Se a usina vai bem, isso se reflete no preço pago ao produtor. Então a gente participa na alegria e na tristeza. Essa proximidade ajuda a melhorar o setor como um todo”, analisa Ana Thereza, representante dos produtores no Consecana.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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