Mercado Internacional
No primeiro trimestre de 2013, os preços internacionais das commodities agrícolas (soja, milho e trigo) refletiram a conjuntura do cenário internacional, decorrente de fatores fundamentais e financeiros. Apesar do quadro vigente, os preços das commodities foram superiores àqueles observados em igual período de 2012. Em março, com a divulgação dos estoques trimestrais dos Estados Unidos e a primeira intenção de plantio da safra norte-americana 2013/2014, os preços sofreram impacto negativo.
No caso da soja, o USDA surpreendeu com uma estimativa de estoques acima do aguardado pelo mercado, no entorno de 3,40 milhões de toneladas. Com isso, os preços na Bolsa de Chicago operaram com oscilação contínua, seja face à realização de lucros ou receio de investir no mercado das commodities agrícolas. O preço médio trimestral do grão em 2013 foi de US$ 31,95 por saca, no entorno de 14% superior ao preço médio registrado em igual período de 2012 (US$ 27,98 por/saca).
A maior demanda pela soja norte-americana e os estoques norte-americanos ajustados pressionaram os preços até a primeira quinzena de março. Na segunda quinzena, com as cotações internacionais próximas de US$ 15,00 por bushel, os investidores optaram por realizar lucros. No entendimento do mercado, ao atingir este preço, é o momento de realizar lucros.
A incapacidade do Brasil atender à demanda mundial, haja vista os problemas logísticos existentes, deu força aos preços internacionais da soja na Bolsa de Chicago. A possibilidade de o país repetir os feitos nas exportações, semelhantes ao ano passado, não se mostra passível de realizar, dado que o Brasil não consegue manter o mesmo ritmo de embarques.
Consequentemente, a ineficiência logística refletiu nos prêmios de exportação de soja brasileira, os quais passaram, a partir de 12 de março, a operar no vermelho. O prêmio de exportação no Porto de Paranaguá, chegou a atingir -US$ 28,00 por bushel (-US$ 10,29 /t).
Os preços do milho registrados no 1º semestre de 2013 foram superiores à média observada em igual período de 2012. Os preços internacionais do grão foram 12% superiores, com média em Chicago de US$ 16,93 por saca, contra a média de US$ 15,12 por saca do 1º trimestre de 2012. O nível baixo de estoques mais as condições climáticas adversas para o plantio deram sustentação às cotações do grão.
Mercado Doméstico
A média trimestral dos preços das commodities, no mercado doméstico, em 2013 mostrou-se acima da observada em igual período do ano de 2012. De acordo com a Secretaria de Agricultura e do Abastecimento – SEAB, o preço médio da soja foi de R$ 55,91 por saca contra R$ 44,61 por saca no mesmo período de 2012. A variação foi positiva em R$ 11,30 por saca. Em janeiro de 2013, o preço o chegou a alcançar R$ 59,11 por saca, com isso, a média mensal foi de R$ 58,91 por saca.
Em fevereiro a média apurada pela SEAB foi de R$ 55,63 por saca. Em março, por conta do início da colheita a média foi menor, caindo para R$ 53,33 por saca. O preço médio de R$ 55,95 é considerado remunerador, porquanto segundo a Conab, o preço do custo total é de R$ 38,61 por saca. Até o momento foram colhidos 88% da área prevista e a comercialização da soja paranaense é de 53% da produção estimada. A estimativa da safra da soja para 2012/2013 é de 15,71 milhões de toneladas, com produtividade média de 2.441 kg por hectare.
Para o milho, a média no primeiro trimestre de 2013 foi de R$ 24,49 por saca, preço próximo do custo total de produção de R$ 23,02 por saca. Já a média do primeiro trimestre de 2012 foi de R$ 22,71 por saca. A variação no período foi positiva em R$ 1,78 por saca. A colheita do milho 1ª safra soma 78% da área estimada e a comercialização alcança 32% da produção prevista. Já o plantio de milho 2ª safra alcança 98% da área prevista e a comercialização é de 5%. A produção total de milho paranaense está prevista em 18,32 milhões de toneladas.
No mercado do trigo, a média do primeiro trimestre de 2013 foi de R$ 39,35 por saca, cerca de 66% superior à média registrada em igual período de 2012 (R$ 23,70 por saca), por conta da escassez de oferta. A variação foi positiva em R$ 15,65 por saca.
Porém, o produtor paranaense comercializou 75% da safra em 2012, com preços entre R$ 30,00 e R$ 34,00 por saca, pois é entre agosto e dezembro que se concentra a comercialização visando pagar o custeio da safra nos agentes financeiros. Poucos produtores aproveitaram os melhores preços de 2013. Em abril praticamente toda a safra foi comercializada. O Paraná recuperou a posição de principal produtor do cereal, ultrapassando o Rio Grande do Sul. A produção prevista na safra 2012/13 é de 2,50 milhões de toneladas e produtividade média de 2.964 kg por hectare.
Gilda M. Bozza, economista – DTE/FAEP
FONTE: SEAB – média janeiro/março
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