Há 32 anos, o SENAR-PR tem a vocação de levar conhecimento de qualidade para os produtores e trabalhadores rurais paranaenses. Somente em 2022, foram 7.593 cursos promovidos em 379 municípios do Paraná. Os números comprovam a importância da mobilização dos sindicatos rurais, principais disseminadores dos mais de 250 treinamentos de catálogo e também capacitações personalizadas, atendendo a demandas pontuais.
Neste contexto, alguns sindicatos rurais tiveram destaque, no ano passado, na mobilização das formações. A reportagem da revista Boletim Informativo se debruçou sobre os números e ouviu mobilizadores para entender o sucesso.
Conclusão: não existe uma receita pronta para mobilizar os produtores rurais. Mas alguns itens comuns apontam um caminho. Uma rede de parceiros afiada, ferramentas de comunicação eficientes, estrutura de trabalho e dedicação à profissão são tópicos comuns abordados pelos entrevistados.
Para o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, os exemplos de sucesso acabam por inspirar os demais sindicatos rurais, além de colaborar com mecanismos que já estão dando certo na hora de montar um curso.
Nós investimos constantemente na formação de instrutores, mobilizadores, colaboradores dos sindicatos e lideranças sindicais para que possamos alcançar e manter o nível de excelência. O reflexo tem sido visto em boa parte dos nossos sindicatos. Isso deve servir de inspiração a todos os integrantes do sistema sindical rural.
Ágide Meneguette, presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR
“Olhar para os sindicatos líderes em volume de cursos pode nos dar pistas importantes de ações a serem incorporadas nas rotinas dos demais para aprimorar os processos, a níveis local, regional e estadual”, destaca a diretora técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR, Débora Grimm.
É importante frisar que a lista de dez sindicatos com mais mobilizações em 2022 serve como termômetro para inspirar ações a serem adotadas por outros. Não se trata de uma competição entre as entidades sindicais, mas de colaboração mútua e trabalho coletivo, pois o sistema sindical rural do Paraná é apenas um!
A seguir, confira as entidades sindicais que mais mobilizam cursos no ano passado e as estratégias de cada uma para obter sucesso na formação de turmas dos mais diversos treinamentos.
1º Guarapuava
O sindicato estruturou um setor de comunicação e segue uma estratégia de marketing que faz a diferença na hora de fechar a agenda de cursos. Os projetos da entidade são pensados em conjunto com parceiros do setor público, cooperativas e empresas. A solicitação de cursos personalizados, fora do catálogo, ocorre sempre que necessário, além de a equipe responsável ter atualizações constantes das qualificações. A busca ativa, nos modos presencial e virtual, por novos participantes também está entre as estratégias mais adotadas.
Segundo a mobilizadora Mery Ribas, o produtor sempre recebe uma resposta, um dos fatores que contribuem para o êxito da entidade. “É crucial se aproximar do produtor, ao invés de esperar que ele venha até o sindicato. Nós temos o papel de entender as dificuldades dele e sermos proativos. Solicitamos constantemente treinamentos diferentes, pois o produtor precisa saber da existência do Sistema FAEP/SENAR-PR e que o sindicato rural está sempre pronto para atender”, recomenda.
2º Cianorte
O vice-líder na mobilização de cursos no Paraná aposta nas parcerias para identificar demandas de treinamentos. Em feiras agropecuárias, por exemplo, o sindicato apresenta os conteúdos das capacitações, aumentando as chances de ampliar a lista de interessados. Inclusive, um formulário de papel é distribuído para preenchimento de eventuais interessados nos cursos.
Além disso, segundo o mobilizador no município Rodrigo Sarmento, o trabalho, por meio do diálogo, também busca antecipar as demandas dos produtores. “Sempre fazemos a divulgação dos cursos programados para os próximos meses. Quando coleto dados de possíveis participantes, alimento as planilhas, ampliando o banco de dados. Também usamos as mídias sociais do sindicato, aproveitando os ganchos para a divulgação”, detalha.
3º Pitanga
Um dos segredos do Sindicato Rural de Pitanga é promover as capacitações nas comunidades rurais onde moram os produtores e trabalhadores rurais. A infraestrutura da entidade, com carro, telefone e internet, colabora para a autonomia da mobilização e a promoção de ações de aproximação com os agricultores e pecuaristas do município. Tanto que visitas são realizadas de forma constante, não apenas na hora de mobilizar turmas de cursos.
“Temos um programa de rádio do sindicato toda sexta-feira. Eu abro falando dos cursos que estão previstos e forneço um contato para os ouvintes ligarem ou mandarem mensagem. Mas isso não basta. É preciso olho no olho, ir até a comunidade, reforçar o convite. É assim que conseguimos vender a ideia de um curso”, ensina o mobilizador Elias Harmuch Júnior.
4º Campo Mourão
A entidade campo-mourense aposta, como estratégia, na proximidade com prefeituras da região para auxiliar na identificação de demandas. A qualidade dos instrutores do SENAR-PR que ministram os cursos e o suporte da entidade em todas as etapas, da mobilização ao fim do treinamento, são fatores que dão credibilidade junto aos parceiros. O investimento na divulgação em redes sociais e a diversificação dos treinamentos ofertados, com novidades e atualizações constantes, também entram nessa lista.
“O primordial é criarmos um laço com os produtores e mostrar a importância de se usar o que há de mais avançado em tecnologia”, diz Luara Nayara da Silva Lopes, mobilizadora da entidade. “Pela nossa experiência, a mobilização não é feita só na abertura de um curso, mas em todas as fases. Tentamos ficar o máximo de tempo nas turmas, em todos os encerramentos, até para ver se há o interesse em futuros treinamentos”, reforça.
5º Maringá
O Sindicato Rural de Maringá aposta na busca constante pela diversificação do público, trazendo estudantes, produtores, trabalhadores e proprietários rurais para os cursos. Há um canal exclusivo para a divulgação de treinamentos do SENAR-PR, o que torna mais dinâmica a troca de informações com os interessados e mesmo os egressos. Além disso, atualizações constantes são disparadas em grupos de WhatsApp conforme áreas de interesse.
“Esse é um trabalho coletivo. Procuramos ouvir nossos parceiros, levantar as demandas e, então, realizar uma programação que crie interesse em todas as áreas. A instituição faz uso do formulário eletrônico Google Forms para ter histórico de dados dos participantes e trabalha periodicamente na realização de convênios formais com parceiros para reduzir índices de cancelamentos”, enumera Angélica Pelisson Franzin, do Departamento Administrativo do Sindicato Rural de Maringá.
6º Ipiranga
O Sindicato Rural de Ipiranga oferta uma gama de serviços aos produtores rurais para atender o atual quadro e atrair novos associados. Nos últimos anos, a entidade tem trabalhado para promover o fortalecimento do grupo de mulheres e a realização de cursos para esse público. Outro ponto importante envolve parcerias com empregadores para criar uma periodicidade de treinamentos. Um diferencial local é o apoio do poder público para ter disponibilidade de máquinas e outras ferramentas necessárias nos cursos.
“O atendimento é um diferencial nosso”, garante a mobilizadora do sindicato Silvana Aparecida Nunes Maluf. “Tem também a questão de não desistir. Geralmente, ao término do curso, o aluno vem agradecer pelo conhecimento adquirido. É gratificante ver o resultado se concretizando. Faz valer todo o esforço”, analisa.
7º Tapejara
A participação da equipe do Sindicato Rural de Tapejara nos treinamentos é um trunfo. Afinal, ali está a possibilidade de demonstração os benefícios que produtor terá ao fazer o curso, além de compartilhar demais ações e diferenciais do Sistema FAEP/SENAR-PR. Além disso, atendimento rápido e personalizado e aproximação com escolas, o que permitem a inclusão de jovens nos cursos do SENAR-PR, completam a lista de ações.
“Em primeiro lugar, a gente tem que vestir a camisa do sindicato. O segundo passo é mostrar ao produtor que a entidade é a segunda casa dele. Ter uma boa recepção, esclarecer como funciona, o que o SENAR-PR, a FAEP e o sindicato têm para ajudar. E sempre que possível, convidar para participar de alguma ação no sindicato”, aconselha Iracema Macedo da Silva, mobilizadora do SENAR-PR em Tapejara.
8º Ortigueira
Em Ortigueira, já é rotina da mobilização enviar alertas, de forma individualizada, com as datas e os horários dos cursos. Além disso, o sindicato analisa as tendências da região para personalizar os pedidos de cursos ao SENAR-PR. Se for preciso, tudo bem fazer adaptações, mudar um curso de lugar para garantir sua realização. Outros pontos fortes são o gerenciamento de grupos de WhatsApp e o atendimento personalizado, até mesmo fora do horário do expediente.
“A prioridade é a mobilização, com o suporte de outras áreas. Isso faz muita diferença. Tanto que, existem casos que andamos 50 quilômetros dentro do município para chegar ao local do curso e auxiliar nos treinamentos e bem atender os produtores”, compartilha Elisângela Hennig Ferreira de Miranda, mobilizadora de Ortigueira.
9º Ponta Grossa
O contato presencial com os produtores rurais é uma das apostas do Sindicato Rural de Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais. Nessa missão, a mobilização trabalha com uma mescla de turmas para criar uma rede de contatos diversificada. Além disso, há um acompanhamento constante das demandas dos produtores locais para identificar a necessidade de novos treinamentos. A entidade também promove ações estratégicas como transmissões semanais ao vivo com assuntos de interesse dos agricultores e pecuaristas e a promoção de treinamentos nas localidades onde moram os participantes.
“No nosso caso, além das redes sociais, a gente visita pessoalmente os produtores rurais, cooperativas, empresas agrícolas e nossos clientes em geral. Mostramos o que temos disponível para identificar os cursos que eles precisam. Juntamos tudo isso e fechamos as turmas. A visita e o contato direto com o produtor são importantes para que a gente consiga melhorar o número de cursos no geral”, destaca Julio Cezar de Souza Filho, mobilizador do sindicato.
10º Arapoti
Em Arapoti, uma das táticas para atrair participantes é a integração entre o atendimento no sindicato e a apresentação dos treinamentos do SENAR-PR. A previsão de cursos permite que os interessados se programarem com antecedência. As estratégias também envolvem visitas nas propriedades rurais para conversas pessoalmente, o atendimento ágil e a adaptação de horários de cursos para permitir que participantes e colaboradores não precisem se ausentar das suas atividades dentro da porteira.
“Mobilizar só de dentro do sindicato não dá. Tem que estar perto, no meio rural mesmo, mostrando os cursos do SENAR-PR e lembrando o produtor das datas e horários. Isso ajuda bastante”, enfatiza Ismael de Oliveira, mobilizador de Arapoti. “Às vezes, em um curso, surge um monte de dúvida e nasce uma nova turma de outro treinamento”, revela.
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