Mesmo aqueles que se consideram otimistas já estão conscientes de que os tempos difíceis de nosso país não vão acabar logo.
Contudo, um passo importante para sair do grande sufoco econômico, social e político foi dado com a votação do impeachment e a assunção de um novo governo. Mas não nos enganemos: o país continua muito doente. Os governos – o federal, dos estados e dos municípios estão com suas finanças em frangalhos, a base econômica ressentida pelos desmandos do governo anterior e mais de 12 milhões de desempregados.
Este o trágico quadro a ser vencido. O segundo grande passo rumo à solução- o primeiro foi a eliminação do governo anterior – será dado com a aprovação pelo Senado Federal da PEC 241, que estabelece um teto para os gastos do governo durante 20 anos, corrigido anualmente pela inflação do ano anterior.
É um passo corajoso para um país viciado em gastança. Significa pôr ordem na casa, evitar que o Governo gaste mais do que arrecada e ainda tenha recursos para reduzir a sua gigantesca dívida pública, que consome bilhões de reais, cujo valor do pagamento dos juros poderia estar irrigando projetos de educação, saúde e infraestrutura.
E depois, seguem-se as reformas, sem as quais não haverá solução duradoura: a reforma da previdência, a trabalhista, a da educação, a da gestão da saúde, a tributária e, principalmente, a reforma política que dê um fim a esse tipo de compadrio de coalizão que resultou na escandalosa corrupção sistêmica dos últimos anos. Não há outro caminho.
Não existe solução milagrosa que não a disciplina fiscal e a reconquista da confiança para atrair os investimentos que gerem emprego e renda. Toda desgraça nos ensina alguma lição. Espero que esta crise no ensine a selecionar melhor nossos quadros políticos, a usar melhor o dinheiro público e a pressionar os Governos a impor limites às ações predadoras dos corruptos.
As grandes manifestações realizadas desde 2013 mostraram que a sociedade indignada e mobilizada tem força para impor mudanças. Mas é preciso também que a sociedade se conscientize que algumas das mudanças, de alguma forma, podem ser dolorosas, como a da Previdência, por exemplo, mas que são absolutamente necessárias se os trabalhadores e funcionários de hoje quiserem assegurar o pagamento de seus salários e vencimentos e de suas aposentadorias no futuro. E nem deixar aos trabalhadores e funcionários de amanhã um legado negativo.
A matemática financeira é implacável. Não há argumento que derrote as evidências de nossa economia, principalmente das contas públicas.
Faço estas observações porque todos vocês são pessoas formadoras de opinião, têm liderança e se fazem ouvir em suas comunidades. Vocês têm, portanto, responsabilidades sociais, econômicas e políticas. Aqui estão homens e mulheres que são lideranças sindicais rurais, jovens agricultores e empreendedores rurais.
Diria que aqui está parte importante da nata de nosso Estado, de gente cuja ação repercute e que, portanto, tem que estar na linha de frente na defesa da ética.
Recorro às palavras de Tancredo Neves no grande comício das Diretas Já: “Não nos dispersemos. O exercício da democracia exige disposição para o embate de ideias e discussão sobre projetos do Governo”.
Na situação do Brasil de hoje, a referência à frase de Tancredo continua atual. Temos que mudar o Brasil, respeitando a democracia, mas exigindo as reformas indispensáveis.
Não se trata apenas de ação política e social. O que o país mais precisa é o que vocês sabem fazer de melhor: trabalhar, produzir. Mais do que nunca o Brasil precisa de gente consciente que trabalhe, que crie riquezas, que aja para arrancar nosso país do fundo do pântano em que nos colocaram os que agiram com incompetência e desonestidade.
O Sistema FAEP/SENAR-PR trabalha neste sentido e faz o que pode para tornar a vida dos produtores rurais e suas famílias o mais digna e rentável possível.
Recentemente, o Sistema FAEP/SENAR-PR engajou-se num programa criado pelo Governador do Estado, de Conservação de Solo e Água do Paraná. Embora o Paraná seja berço de tecnologias de conservação de solo, como o Plantio Direto, por exemplo, muitas das práticas anteriores foram sendo deixadas de lado por algumas razões.
Quando foram difundidas as tecnologias de preservação do programa de micro bacias usava-se tratores e colheitadeiras de menor tamanho e peso.
O espaçamento entre terraços mudou com o aumento dos equipamentos e em grande número de propriedades foram simplesmente eliminados, criando condições para o processo de erosão.
Este processo de erosão foi acelerado no final do ano passado e início deste ano com as fortes chuvas trazidas pelo fenômeno climático do El Niño. A maior riqueza do produtor rural é o seu solo, de onde ele tira a renda que sustenta sua família. Zelar pela recuperação do solo e aumentar a sua produtividade é a lógica que nos levou a aderir ao programa do Governo e a nos lançar nesta empreitada que, ao meu ver, é a ação mais importante neste momento.
Lutar pela nossa democracia, pela ética por um bom governo é um dever de todo cidadão. Conservar o solo, aumentar a produtividade e a renda, é uma obrigação do produtor rural, pelo que peço a adesão de todos ao programa. Defender a produção agropecuária também é uma ação de cidadania.
Eu agradeço ao nosso palestrante Zander Navarro, uma voz lúcida que tem muito a nos ensinar e que gentilmente aceitou nosso convite para a palestra magna deste encerramento.
Eu agradeço a presença de todos, autoridades, parlamentares, líderes sindicais, e especialmente das mulheres do Mulher Atual, dos jovens e dos empreendedores que atenderam ao nosso convite para este grande encontro que, espero, os motive não apenas em relação às lides da agropecuária e do agronegócio, mas em especial para o papel de liderança e defensores da ética que a sociedade lhes atribui.
Muito Obrigado.
Ágide Meneguette
Presidente do Sistema FAEP
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