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Com solos secos, Campos Gerais aceleram plantio

Clima está bom só para a colheita do trigo. Região torce por chuva em uma semana para preservar potencial da soja e do milho

Responsáveis por mais de 10% da produção de soja do Paraná, os Campos Gerais entram na reta final de plantio da temporada 2014/15 com chuvas abaixo do normal e falta de umidade em algumas lavouras, conferiu a equipe da Expedição Safra em visita à região.

A estiagem que afetou o Norte do estado também foi registrada mais ao Sul, atrasando o início da semeadura. Com o retorno das precipitações nas últimas semanas, o atraso foi recuperado e no momento perto de 75% do terreno destinado à cultura já estão com as sementes enterradas no solo.
As chuvas recentes, porém, não foram suficientes para repor o déficit hídrico durante a segunda quinzena de setembro e a primeira de outubro. Os trabalhos avançam com a umidade “no limite”, afirmam os produtores.

“A última chuva foi de 20 milímetros na sexta-feira passada (14). Mesmo assim, acredito que tenho somente mais cinco ou seis dias de serviço, se não chover. Também posso plantar no pó e mais raso”, cogita o produtor Sylnei Caldeira, de Ponta Grossa. Até o momento, as plantadeiras dele percorreram 65% da área a ser ocupada pela soja, no ano passado o índice era de 90%, revela.

Em municípios vizinhos, os trabalhos de plantio assim como as chuvas estão dentro da normalidade, conforme os produtores. “A implantação deste ano está de razoável a boa. Não foi ótima, porque as temperaturas estiveram muito elevadas, faltou umidade e houve alguns casos pontuais de replantio”, afirma Marcio Copacheski, gerente agrícola da cooperativa Castrolanda, que atua em 130 mil hectares na região de Castro.

O plantio da oleaginosa ocorre ao mesmo tempo em que as colheitadeiras retiram dos campos o trigo semeado no inverno. “Essa é a última área que preciso plantar soja”, diz Willem Bouwman enquanto pilota máquina de última geração sobre os campos de trigo em Castro. O cereal, que ganhou área em todo o Paraná no último ano, tem alcançado altos rendimentos, e problemas pontuais com qualidade. Os rendimentos aferidos estão acima de 4 mil kg/ha.

O mercado do grão, porém, não anima o setor. Após um ano positivo, os produtores veem novamente forte redução nos preços nesta safra. “Ano passado foi atípico de tudo, de produção e preço. Chegamos a vender a tonelada por quase R$ 800, hoje está R$ 540, no máximo, pelo trigo bom”, afirma Gustavo Ribas, produtor e presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa. “O trigo deste ano é para pagar os custos”, resume Ricado Johanensen, de Tibagi.

 

Fonte: Gazeta do Povo -20/11/2014

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