Cerca de 800 mil hectares brasileiros produzem laranjas, a fruta mais cultivada no Brasil. Além dela, outra fruta cítrica produzida é o limão e, juntas, na safra de 2013, (último levantamento oficial do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), produziram 18,5 milhões de toneladas. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e as Federações da Agricultura e Pecuária parabenizam a todos os citricultores por sua capacidade e talento que se destacam no cenário econômico e social do país.
Ao lado da banana e da maçã, a laranja está entre as três frutas mais consumidas pelo brasileiro, e isto faz com que a maior parte da produção fique no mercado interno. Os maiores produtores de frutas cítricas do país são os estados de São Paulo, Bahia, Paraná, Minas Gerais, Sergipe, Rio Grande do Sul, Pará e Goiás. A tangerina também tem participação importante entre as frutas cítricas mais produzidas no Brasil.
No que se refere ao mercado internacional, a exportação de frutas cítricas frescas está concentrada principalmente no limão, cujo principal destino é a União Europeia. A laranja de mesa vem aumentando sua participação nas exportações, ano a ano, e a tangerina vem conquistando novos mercados, a exemplo dos Emirados Árabes Unidos.
Com o suco de laranja a situação é outra. De cada cinco copos de suco de laranja consumidos no mundo, três são produzidos no Brasil. Em nenhuma outra commodity, o país tem expressividade semelhante. O país é responsável, atualmente, por mais da metade da produção mundial de suco de laranja e exporta 98% do total. Os principais mercados são: América do Norte, com 26%, e 74%, para União Europeia.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Fruticultura, da CNA, Antônio Marcos Ribeiro do Prado, “os números gerados pela citricultura têm grande importância no aumento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. São aproximadamente R$ 9 bilhões e 250 mil empregos criados na área rural”, afirma.
APOIO À FRUTICULTURA – A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) mantém sua Comissão Nacional de Fruticultura com a finalidade de apoiar o setor em demandas referente à redução da carga tributária para sucos cítricos 100% natural; atuar na abertura de mercados para exportação; buscar soluções para problemas fitossanitários e também auxiliar na gestão de custos de produção de laranja e limão, por meio do projeto Campo Futuro que já realizou painéis de levantamento de custos em todas as regiões produtoras do país. Para 2016, a ideia é mapear e tentar resolver as barreiras fitossanitárias para as frutas cítricas brasileiras, visando abrir novos mercados e consequentemente aumentar as exportações de laranja de mesa, limão e tangerina.
ORIGEM DA LARANJA – Registros apontam que a laranja é originária do Sul asiático, provavelmente da China. O comércio entre as nações e as guerras ajudaram a expandir o cultivo dos citrus, de tal maneira que, na Idade Média, a laranja foi levada pelos árabes para a Europa. No ano de 1500, na expedição de Cristóvão Colombo, mudas de frutas cítricas foram trazidas para o continente americano. Introduzida no Brasil logo no início da colonização, a laranja encontrou melhores condições para vegetar e produzir do que nas próprias regiões de origem, expandindo-se por todo o território nacional. A citricultura destacou-se em vários estados, porém, foi a partir de 1920 que se criou o primeiro núcleo citrícola nacional nos arredores de Nova Iguaçu, no estado do Rio de Janeiro.
Veja abaixo depoimentos de citricultores dos estados do Paraná, Bahia, Sergipe e Minas Gerais.
PARANÁ
Cláudio Garbin e sua produção
Cláudio Garbin, 64 anos, começou na atividade citrícola em 2003, quando substituiu o café pela laranja. Apesar de possuir propriedade há bastante tempo, foi quando se aposentou no setor de telecomunicações que decidiu entrar na atividade agrícola “para ocupar a cabeça e ainda garantir uma renda”. Seu pomar com 15 mil árvores e 35 hectares fica em Paranavaí, no Noroeste do Paraná.
“O ponto mais positivo é o social. Você emprega muita gente, principalmente na época da colheita. Por mais que sejam empregos sazonais, você gera um impacto grande na economia do município”.
BAHIA
Orlando Antônio Leite em sua propriedade
A citricultura está presente no DNA da família Leite. A história começou com seu Antônio Orlando Leite, que dedicou mais de 50 anos da vida à produção de citricultura nas suas propriedades, localizadas no município de Governador Mangabeira, situado a 119 km quilômetros de Salvador, (BA). O filho, Orlando Antônio, herdou do pai muito mais que o nome. Também a paixão pelo campo. Quando tinha 12 anos, começou a seguir os caminhos de seu Antônio. Acompanhava de perto todos os processos da produção. Pouco tempo depois, com apenas 18 anos, passou a assumir os negócios da família. Hoje, vive da citricultura, juntamente com os sete irmãos.
“A citricultura é muito importante na Bahia, pois gera renda, emprego e movimenta o comércio das cidades do recôncavo baiano. Hoje, sem dúvidas, é a cultura que mais predomina aqui na região”, aponta Orlando. Ele acrescenta ainda que a laranja é o carro-chefe da propriedade e que a produção é vendida, principalmente, no mercado interno. “Vendemos para o Ceará, Tocantins e também para municípios aqui da Bahia”, explicou.
FUTURO – No entanto, as pragas têm sido um obstáculo para a citricultura. De acordo com ele, esse ano, a mosca negra atingiu a região e teve grande impacto na produção. Ainda assim, ele segue firme na produção, com a paixão que herdou do pai. “Toda a família atua no ramo, seguindo a história da família”.
SERGIPE
Produção de laranjas de Francisco Benjamin
O estado de Sergipe contribui, nacionalmente, com 6,9% da área colhida e com 4,16% da produção. O resultado é que, com participação de 3% do PIB sergipano, a cultura do citrus se destaca como um dos principais produtos agrícolas do estado. Além disso, dispõe de um considerável parque agroindustrial de esmagamento de laranja: duas fábricas nos municípios de Estância e Boquim.
De acordo com o produtor Gustavo Medina, com atividade nos municípios de Umbaúba, Cristinápolis e Itabaianinha, a produção de citrus é o principal produto da balança comercial de exportação de Sergipe. “Enviamos nosso produto para a Europa, Oriente e América. “O citrus gera emprego e renda, além de desenvolvimento econômico. É um produto positivo para o estado”. Ele lembra ainda que o produto sergipano é competitivo no mercado, “pois o custo de produção é menor e as pragas são menos frequentes que no Sudeste”.
O produtor Francisco Benjamin Filho destaca que a atividade provoca amadurecimento na cadeia produtiva. “Por conta da exigência do mercado, aprendemos que precisamos entregar um produto de qualidade. Precisamos nos adequar às novas tecnologias. O resultado do crescimento tecnológico é a grande procura pelo nosso produto”.
Ele enfatiza também a participação do SENAR/Sergipe no processo de melhoria do citrus. “O SENAR é uma peça importante por ofertar conhecimento e profissionais que agregam no desenvolvimento”. Com 121 hectares, na cidade de Cristinápolis, a perspectiva de Francisco é produzir este ano 2.200 toneladas de laranjas.
MINAS GERAIS
Cláudio Dykstra em sua propriedade
Localizada no Norte do Estado de Minas Gerais, uma das maiores iniciativas agrícolas do Brasil, o Distrito Irrigado da Região do Jaíba é hoje sinônimo de desenvolvimento e qualidade de vida, alcançados por meio da produção agrícola eficiente, sobretudo, de frutas. E foi nesse cenário que o paranaense Cláudio Dykstra descobriu como transformar os “limões” que a vida lhe deu em muito mais que uma grande limonada.
Deixou o cultivo de soja e milho no Paraná para investir numa região de clima semiárido onde encontrou água e energia à disposição. E lá viu a oportunidade de mudar de ramo e de vida. “Vivo hoje do limão, e vivo muito melhor”, comemora o presidente da Associação dos Produtores de Limão da Região do Jaíba (Aslim). Anualmente, ele produz 100 mil caixas da fruta.
“A citricultura irrigada tem sido a principal fonte de emprego e renda para nossa região. Emprego de duas a três pessoas por hectare, direta e indiretamente. A atividade aqui teve início graças à coragem e trabalho pesado dos produtores, que viram a oportunidade, acreditaram e se dedicaram. Hoje, a assistência técnica e gerencial contínua que recebemos é nosso diferencial. Trabalhamos de forma organizada e planejada, levando em conta uma série de fatores na tomada de decisões. Através do INAES (Instituto Antônio Ernesto de Salvo, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais – FAEMG), preparamos nossos produtores para receberem certificações internacionais e o registro da marca da Região do Jaíba. É um trabalho de longo prazo, mas tem aberto novos caminhos. Hoje, entre 35% a 45% de nossa produção é exportada para a Europa”.
Com participação das Federações da Agricultura e Pecuária dos Estados do Paraná, Bahia, Sergipe, e Minas Gerais.
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