Sistema FAEP

Clima prejudica produção de feijão e preço dispara

Chuvas excessivas e estiagem provocaram quebra de 18% na safra paranaense

Na última semana, a apresentadora Ana Maria Braga causou suspense em seu programa matinal ao anunciar o fim de um casamento de longa data. Os espectadores que imaginavam tratar-se do fim de algum romance entre celebridades souberam logo depois que o divórcio era entre o arroz e o feijão, dupla imbatível nos pratos dos brasileiros de Norte a Sul.

Por conta de problemas de abastecimento, o preço do feijão atingiu preços recordes no mercado, sendo comercializado na semana passada, em algumas praças de São Paulo, acima dos R$ 560,00 a saca do carioca nota 9. Em Castro, na região dos Campos Gerais, segundo o Instituto Brasileiro de Feijão e Pulses (Ibrafe) a saca do feijão carioca nota 8,5 estava cotada a R$ 460,00 e, em Pato Branco, R$ 495,00. Para efeito de comparação o preço médio do feijão carioca há um ano no Paraná girava em torno de R$100,00 a saca.

A consequência dessa dinâmica já se reflete no varejo. Em duas redes de supermercados de Curitiba, um quilo de feijão carioca é encontrado hoje por preços que variam entre R$ 9,30 e R$ 13,69. Esse mesmo feijão era comercializado em junho do ano passado a R$ 4,58.

Segundo o engenheiro-agrônomo Cristopher Azevedo, do Departamento Técnico e Econômico (DTE) da FAEP, nos últimos cinco anos, houve um déficit na produção brasileira de feijão em relação ao consumo. Com isso, os estoques foram reduzidos consideravelmente, abrindo espaço para o desabastecimento.

O Brasil produziu 3,4 milhões de toneladas de feijão na safra 2013/14; 3,1 milhões de toneladas na 2014/15 e apenas 2,9 milhões de toneladas na 2015/16, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Essa queda de produção reduziu os estoques a apenas 108 mil toneladas.

Também contribuiu para essa situação, a redução na área cultivada na primeira e segunda safras deste ano, período em que muitos produtores decidiram migrar para outras culturas, como milho e soja. Na primeira safra houve retração de 7,3% de área nacional.

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André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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