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Clima abre rombo de US$ 33 bilhões nos EUA

Valor considera quebra de 90,6 milhões de toneladas na colheita de milho e de 14,6 milhões de toneladas na de soja, com base nos preços médios estipulados pelo USDA para a temporada

A estiagem e o calor extremos estão levando a agricultura dos Estados Unidos à lona nesta temporada. Em valor, o golpe deferido pelo clima às lavouras do maior produtor de grãos do mundo deve ser cinco vezes maior do que o registrado no Sul do Brasil na última safra de verão.

Considerando os preços médios estipulados pelo Departamento de Agricultura norte-americano (USDA) para a safra 2012/13, em julho, e a quebra na produção aferida até agora, o prejuízo ultrapassa os US$ 33 bilhões. "É a seca mais severa e cara dos últimos 25 anos", disse o economista Timothy Park à CNN na semana passada. Mas, se o calor e a seca não derem trégua às plantações até o final deste mês, o rombo, financeiro e em volume, tende a crescer, porque boa parte da área de soja do país está entrando na fase decisiva de desenvolvimento.

Em Iowa, plantações apresentam condições menos ruins em relação aos demais estados.

No caso do milho, o estrago, com base no valor de US$ 251,9 por tonelada (US$ 6,40 por bushel), somaria US$ 25,1 bilhões, o equivalente à redução de 90,6 milhões de toneladas. O recuo no volume foi projetado no final da última semana pela consultoria Informa Economics, com sede nos Estados Unidos. O mercado, no entanto, já cogita quebra de 100 milhões de toneladas para a colheita do cereal. No início da temporada, a Informa via potencial de 367,69 milhões de toneladas de milho e agora aposta em 285,11 milhões de toneladas.

Plantada mais tarde do que o milho, a soja ainda tem condição de recuperação em alguns estados norte-americanos, mas segundo a consultoria, 14,8 milhões de toneladas teriam sido torrados, o que representa um prejuízo de US$ 8,1 bilhões, considerando valor de US$ 551 por tonelada (com base na média de US$ 15 bushel).

Oportunidade

Embora tumultue o abastecimento global, a quebra na safra norte-americana abre oportunidades ao Brasil. No ano passado, o país já havia abocanhado uma fatia maior do mercado internacional e tirado a liderança dos Estados Unidos. No ciclo 2012/13, as vendas externas tendem a consolidar o Brasil como principal fornecedor da oleaginosa, com vantagem ampliada.

O quadro ainda tornará o país um importante fornecedor de milho. "O cenário é mais preocupante para o cereal. Existem empresas de ração querendo comprar o produto do Brasil. Quando você viu isso acontecer?", questiona Aedson Pereira, analista de mercado da Informa Economics FNP, braço brasileiro da consultoria norte-americana.

Pereira acredita inclusive que as cotações do cereal têm fôlego maior para subir do que as da soja. Isso por conta do quadro de oferta apertado e da previsão de redução de área do produto no Brasil no ciclo de verão – estratégia que privilegia a soja e adia a ampliação da lavouras brasileiras do cereal para a safra de inverno de 2013.

Os efeitos da colheita menor no Hemisfério Norte, no entanto, serão positivos para os agricultores brasileiros. "Com esses preços, o produtor terá dinheiro na carteira e isso vai fazer com que ele invista em tecnologia. A rentabilidade será sensacional", avalia o especialista.

Para os Estados Unidos, porém, o quadro é bastante crítico. Com as projeções atuais, as contas não fecham, principalmente para o milho, produto cujo consumo é estimado em 282 milhões de toneladas. Ou seja, se o clima permitir que as perdas fiquem estancadas em 275 milhões de toneladas, ainda faltariam 7 milhões de toneladas para suprir o abastecimento doméstico do país. Seria também a primeira vez em 24 anos em que os norte-americanos produziriam menos milho do que consomem.

Além de causar prejuízo bilionário – de US$ 15 bilhões – às companhias seguradoras e ao próprio governo, os agricultores dos Estados Unidos não devem escapar dos empréstimos bancários para se manter na atividade e, principalmente, investir na próxima safra, para quando ficará a segunda tentativa da tão sonhada colheita recorde de soja e milho.

SLIDESHOW:Seca no Corn Belt/Cassiano Ribeiro

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