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Choque de gestão no campo impulsiona agricultura de precisão

A resposta dos gurus do agronegócio para fazer com que a produtividade cresça, sem necessariamente expandir as terras cultivadas, vem na forma de Agricultura de Precisão

Agricultura de precisão_lineufilho-3O aumento da demanda global por alimentos vem fazendo com que os choques de gestão, que atingiram empresas de todos os setores nas últimas décadas, agora se voltem para o campo. E a resposta dos gurus do agronegócio para fazer com que a produtividade cresça, sem necessariamente expandir as terras cultivadas, vem na forma de Agricultura de Precisão (AP). O conceito não é novo, pois vem sendo aplicado desde os anos 1920 nos Estados Unidos. Basicamente, parte do princípio de que uma mesma propriedade possui solos com características distintas e, com isso, cada porção tem necessidades específicas para produzir na quantidade e na qualidade desejadas. A Agricultura de Precisão é um conjunto de técnicas que permite o gerenciamento localizado e defende um sistema de manejo integrado de informações e tecnologias, fundamentado nos conceitos de que as variabilidades de espaço e tempo influenciam nos rendimentos dos cultivos.

O pesquisador Ricardo Inamasu, da Embrapa Instrumentação, explica que “a AP é uma forma de produção que leva em conta o fato de que o campo tem variações: setores que produzem mais, outros que são mais úmidos, mais férteis, mais suscetíveis a doenças. Ela respeita essas diferenças e faz uso de dados e informações, valendo-se de ferramentas de gestão”. Diferentemente das técnicas agrícolas convencionais, que preconizam a adição de insumos de maneira uniforme. Para isso, a AP utiliza ferramentas como o Sistema de Posicionamento Global (GPS, na sigla em inglês), Sistema de Informações Geográficas (SIG) e máquinas de aplicação localizada de insumos a taxas variáveis para tratar, especificamente, cada ponto da propriedade. Para essa tarefa, cada particularidade do solo é considerada. O resultado é a otimização dos gastos, o aumento da produtividade por hectare e a elevação do ganho financeiro dos produtores, com o mínimo de impacto ambiental.

Para o professor José Paulo Molin, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq-USP, apesar do avanço das novas tecnologias no campo, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer. Ele afirma que o País (apesar de ser um dos maiores produtores globais de grãos) ainda é lembrado “apenas por possuir algo em torno de 70 milhões a 120 milhões de hectares a serem agregados à produção, sem derrubar matas, com aproveitamento de áreas improdutivas ou de pastos”. Ainda segundo Molin, uma de nossas deficiências está na falta de informação. “Profissionais da engenharia agronômica com mais de 20 anos de formação, que são a maioria na consultoria dos negócios, mantêm-se pouco atualizados, e os seus respectivos contratantes, também na faixa dos 50 anos, são avessos à tecnologia.” Ele também critica o que chama de “falta de representatividade técnica, apenas política”.

Fonte: DCI – São Paulo/SP – 30/07/2014

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