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Cebola de encher os olhos em Contenda/PR

Investimento em maquinário e clima favorável garantem boa colheita do tubérculo na Região Metropolitana de Curitiba. Produtividade local é 50% maior do que a média estadual.  A casa recém-reformada, o caminhão novo e o filho cursando faculdade são sinais de que o plantio de cebola está rendendo um bom dinheiro para a produtora Irineusa Kulka de Souza, 47 anos. Ela é um dos 120 produtores do tubérculo
de Contenda, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), que, nos últimos anos, têm apostado no produto como complemento da renda. Os agricultores da região colheram, em média, 30 mil quilos por hectare, enquanto a média de produtividade do Paraná foi 19,2 mil quilos por hectare. A capital e os municípios da RMC são responsáveis por 64% da área plantada de cebola e 60% da produção na safra estadual.

O tubérculo ganhou espaço nas terras de Irineuza há apenas quatro anos. O bom preço – em média, R$ 20 pela saca de 20 quilos – fez com que a produção fosse expandida a cada safra. "Começamos por conta da necessidade de rotatividade de cultura, já que antes só plantávamos milho verde. Está sendo muito bom e a cada ano estamos aumentando a área da cebola. Para a próxima safra, a ideia é plantar em cinco hectares", afirma a produtora, que neste ano destinou três hectares para o tubérculo.

Os casos de bons rendi­mentos com a cebola são comuns na região de Con­­tenda. A cada ano, os associados da Cooperativa dos Produtores Rurais de Con­­tenda (Cootenda) estão conseguindo melhorar a produção, principalmente em função dos investimentos em maquinário. As novas máquinas disponíveis no mercado permitem que o plantio seja mais eficiente e a colheita realizada de forma mais ágil, evitando que o produto deteriore no campo.

"Com o dinheiro das últimas safras o pessoal está se equipando. Além disso, a prefeitura também está comprando máquinas e repassando para as associações de produtores", diz Marco Antônio Gonçalves, presidente da Cootenda. "No começo, o plantio era manual. Agora estamos alugando máquina e isso faz a diferença", complementa Irineusa.

Outro fator determinante para o sucesso da cebola na região é a quantidade limitada de unidade. Na atual safra, a chuva só caiu na hora certa. "Além de diminuir a oferta, muita água baixa a qualidade do produto", explica o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Marcelo Garrido. "Em algumas regiões do estado, o excesso de chuvas prejudicou os produtores e comprometeu a safra."

Contramão

Ao contrário da região de Contenda, a produção estadual de cebola registrou queda, principalmente em função da redução de área. Os produtores do Paraná, que ocupa a 6.ª posição no ranking nacional, diminuíram em 18% a área de plantio – de 8,1 mil hectares para 6,7 mil hectares no último ano. O resultado foi uma safra 18% menor em relação a anterior – de 163 mil toneladas para 138 mil toneladas.

"Isso é consequência da equação muita oferta e preço baixo. Na incerteza, o pessoal deixa de investir. Alguns não plantaram nada no lugar e outros optaram pelo milho", explica Garrido.

A alternativa para abastecer o mercado foi trazer o tubérculo de outros estados como Santa Catarina, maior produtor do país, São Paulo e do Nordeste. "Lá [no Nordeste] é o único lugar onde é possível plantar cebola o ano todo, pois o clima é fundamental", aponta o economista da Seab.

Crescimento
Produção deve ser retomada na próxima safra

Os bons preços pagos pela cebola na atual safra em relação a anterior devem fazer com que a produção do estado seja retomada. Os produtores terminaram a colheita recebendo, em média, R$ 18,76 pela saca de 20 quilos. Na mesma época do ano passado, o produto estava rendendo R$ 9,49 por saca. De acordo com previsão da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a área destinada ao tubérculo deve ser 5% maior na safra 2012/13.

"A tendência é de aumento, mas não a ponto de recuperar a área perdida", diz o economista Marcelo Garrido, da Seab. "A próxima safra tem tudo para ser enorme", garante Marco Antônio Gonçalves, presidente da cooperativa de Contenda.

Porém, a possibilidade de uma ‘super safra’ pode resultar em prejuízos para os produtores. Caso a previsão de concretize, a grande oferta de o produto jogar os preços para baixo. "Pode acontecer uma super safra e o produtor dar na parede. Mas, do contrário, se o plantio no estado for pequeno, quem tiver vai abastecer o mercado e ganhar bastante dinheiro", analisa Gonçalves.

Fonte: Gazeta do Povo

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