O movimento começa em plena madrugada e impressiona por suas dimensões. A cada dia, a Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa Paraná), localizada no bairro Tatuquara, em Curitiba, recebe uma média de 18 mil pessoas, entre atacadistas, produtores rurais, funcionários e consumidores. O fluxo é superior à população de 293 municípios do Estado, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Não é exagero comparar a central a uma cidade, que se consolida como o maior ponto de comercialização de hortifrutigranjeiros do Paraná. São mais de 4 mil toneladas vendidas por dia.
Os números corroboram a dimensão “de cidade” da Ceasa Paraná. A unidade de Curitiba fica em uma área de 510 quilômetros quadrados, com 644 boxes de atacadistas, 84 lojas e 13 lanchonetes, além de um pavilhão com 50 boxes de vendas de flores. Em outro ponto, em uma área de 1,2 mil metros quadrados, há o Espaço do Produtor – popularmente conhecido como Pedra –, com capacidade para receber, por dia, 340 pequenos e médios produtores, que podem comercializar seus produtos diretamente ao consumidor final. A cada ano, são negociadas mais de 702 mil toneladas na Ceasa Paraná, seja por atacadistas, seja por pequenos e médios agricultores.
“É uma cidade que vende 100% agro, de todos os tamanhos. Não é só o atacadista ou o grande produtor. Temos o pequeno e o médio [produtores], movimentando a economia local dos municípios. A Ceasa Paraná é uma ferramenta importante de abastecimento dos grandes centros urbanos e, por outro lado, um espaço em que os produtores possam acessar o mercado consumidor”, define o presidente da Central, Éder Eduardo Bublitz.
Em 21 de agosto, uma comitiva do Sistema FAEP fez uma visita técnica à Ceasa Paraná, em razão da sua importância estratégica para o setor agropecuário. Além de visitar boxes de atacadistas, o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette e o diretor-secretário da entidade, Livaldo Gemin, também conheceram o Espaço do Produtor. A Ceasa Paraná tem, hoje, mais de 4,5 mil produtores rurais cadastrados, que podem utilizar a estrutura para vender seus produtos diretamente para o consumidor final, sem atravessadores. Em contrapartida, os consumidores podem encontrar produtos de qualidade, a preços acessíveis.
“A Ceasa Paraná tem grande relevância para valorizar os nossos produtores, que têm a possibilidade de comercialização, ou seja, entrar e fazer a venda direta, com melhor preço e permitindo que a economia do agronegócio gire e traga maior rentabilidade”, ressalta Meneguette.
“É um espaço fundamental. Não adianta o produtor ter produção, se não tiver onde vender. Imagine um pequeno produtor com 50 caixas de alface sair de loja em loja, tentando vender. O custo da logística inviabilizaria o negócio. Na Ceasa, ele consegue fazer toda essa venda de forma direta”, garante o diretor agro comercial da Ceasa Paraná, Paulo Ricardo da Nova, que também ocupa o cargo de presidente do Sindicato Rural de São José dos Pinhais.
Na visita técnica, a comitiva do Sistema FAEP também conheceu a sede administrativa da Ceasa Paraná, inaugurada no fim de julho. O prédio tem 575 metros quadrados e concentra em um único bloco, salas para reuniões e os departamentos jurídico, administrativo e de licitações. Além de Curitiba, a Ceasa Paraná também tem unidades em Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu e Cascavel.
Parcerias
Se a Ceasa Paraná é estratégica para o setor agropecuário, a recíproca também é verdadeira. O Sistema FAEP é fundamental para o sucesso da central de abastecimento. Indiretamente, a entidade organiza o setor politicamente e capacita os produtores rurais por meio de cursos. Tudo isso contribui para que produtos de qualidade cheguem aos boxes de atacadistas e às caixas de comercialização. Mas a parceria também se dá de forma direta. O Sistema FAEP levou inúmeros treinamentos para dentro da Ceasa Paraná, capacitando servidores e beneficiários de programas sociais e entidades parceiras.
“O Sistema FAEP contribui muito. Temos parcerias com sindicatos rurais da Região Metropolitana. Agora, o programa de ATeG [Assistência Técnica e Gerencial], que o Sistema FAEP está implementando, vai trazer mais qualidade e tecnologia ao campo. Isso faz com que a gente tenha produtos melhores e produtores com mais renda”, aponta Bublitz.
Uma dessas parcerias realizadas de forma direta se dá no programa Banco de Alimentos Comida Boa. A partir de um convênio com atacadistas e produtores, a iniciativa aproveita alimentos não comercializados e que seriam descartados. Os produtos são processados na própria Ceasa Paraná e, posteriormente, doados a entidades sociais e filantrópicas. A cada mês, uma média de 350 toneladas são destinadas as quase 100 mil pessoas e mais de 120 entidades cadastradas e beneficiadas pelo programa.
A mão de obra do Banco de Alimentos Comida Boa é formada por pessoas privadas de liberdade, a partir de um convênio com o Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen). Além disso, também atuam funcionários, que trabalham na unidade de processamento. Todos os trabalhadores passam por capacitações ofertadas pelo Sistema FAEP, dentro da própria Ceasa Paraná.
“O Comida Boa é nosso trabalho social, que mostra a cara da Ceasa Paraná, em parceria com os atacadistas. Tudo é feito com o apoio do Sistema FAEP, que treina o nosso pessoal que trabalha na cozinha, ensinando a fazer o processamento mínimo dos alimentos. A entidade também dá capacitação na área de panificação, a entidades parceiras. É uma contribuição enorme”, diz Nova.
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