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Caracu, a raça pioneira

Qualidade da carne e poder de adaptação são as principais vantagens da raça rústica que vem sendo aprimorada geneticamente no Paraná

Caracu

Charles Darwin, autor da teoria da evolução, pregava que uma raça deve adaptar-se ao ambiente ou migrar, do contrário seu destino é a extinção. Quando seu livro “A Origem das Espécies” foi publicado, em 1859, uma espécie muito particular já pastava pelo Brasil e reafirmava esta teoria. Mais do que um sobrevivente, o gado da raça caracu, conseguiu se manter em território brasileiro e adaptar-se às suas gigantescas variações de clima e geografia como nenhum outro.

Trazido pelos colonizadores portugueses em 1534, o caracu era usado inicialmente como animal de tração. Seu grande poder de adaptação lhe permitiu produzir bons resultados tanto no calor tropical do norte do país, quanto no frio do sul; tanto na abundância de alimento quanto na época de escassez no pasto. Gado de origem europeia, ao longo dos séculos ele foi aperfeiçoado pela própria natureza, evoluindo para tornar-se uma raça resistente. Posteriormente foi aperfeiçoado pela mão do homem, que nas últimas três décadas intensificou este processo para que o a raça fosse aprimorada, buscando melhores resultados para a produção de carne.

Em artigo datado de 1949 onde discorre sobre a introdução do gado caracu no Paraná, o engenheiro agrônomo Mário Marcondes Loureiro, secretário da agricultura do governador Manoel Ribas, conta que a raça passou a ser introduzida de forma sistemática no Estado em 1914, com objetivo de aprimorar os rebanhos locais. Antes disso já havia focos de caracu na região de Palmas, trazidos por alguns criadores. O texto destaca a rusticidade da raça, que se adapta mesmo em locais onde “as palhas grosseiras, celulósicas, de vegetação espontânea, não satisfazem suas exigências alimentares (…) e o frio rigoroso do inverno , abate, aniquila ou mesmo faz sucumbir o rústico zebu”.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Caracu (ABCC), Sady Loureiro Filho, “Antes o caracu era usado para ficar em lugares onde outras raças não sobreviveriam”. Essa característica, que garantiu a sobrevivência da raça nas condições mais adversas, também foi responsável, em parte, pela má fama que o caracu carregou durante muito tempo. “Havia uma divulgação errônea de que o caracu era uma raça pouco produtiva, isso se deve ao fato de que ele era criado em situações onde nenhuma outra raça se criava”, argumenta o dirigente da ABCC. Segundo ele, em boas condições, o caracu é tão produtivo quanto outras raças de gado europeu.

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