Em 10 anos, número de participantes dos cursos de formação profissional do Senar teve crescimento de 245,8%; capacitação gera renda para o agricultor
Os participantes nos cursos nos cursos de formação profissional promovidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar Paraná) aumentaram 245,8% de 2000 a 2010, passando de 49.521 para 171.253. O índice mostra a crescente busca do produtor e trabalhador rural pela formação profissional.
Essa preocupação mostra que há uma demanda cada vez maior no meio rural por mão de obra qualificada. Segundo pesquisa do Senar, em 30 municípios do Paraná, 53% dos produtores consultados tem dificuldade de contratar funcionários. Além disso, 72% afirmam ter necessidade de capacitar seus funcionários. As maiores demandas foram: serviços gerais da agricultura, com 16,5% do total; operação e manutenção de máquinas e equipamentos agrícolas, com 13,4%, e bovinocultura de corte e leite, com 6,3%.
Agricultores buscam atualização profissional
O agricultor Sergio Bueno cultiva hortaliças e café na Warta, distrito rural de Londrina, e garante participar de cursos e treinamentos sempre que possível. Temos que acompanhar as novidades. O agricultor precisa estar atualizado, ressalta. Suinocultura, embutidos e defumados e cultivo orgânico foram alguns dos treinamentos dos quais participou. Bueno lembra que foi pioneiro na técnica de café adensado em Londrina. Na época contamos com ajuda do Emater, Iapar e Seab para saber as técnicas corretas desse cultivo, relata.
O filho, Sergio Zanin Bueno, afirma que nunca teve vontade de deixar a atividade agrícola e também frequenta cursos de capacitação constantemente. No curso de mecanização fiquei mais familiarizado com a manutenção do maquinário agrícola. Aprendi também sobre desgaste, revisão e economia de combustível, revela. Em relação ao cultivo de café, Zanin também aperfeiçoou os conhecimentos em qualidade da bebida e técnicas de irrigação. Após o curso, implantamos a irrigação na lavoura. Aprendemos a técnica na teoria e na prática, conta. Sueli Zanin Bueno é professora recém aposentada e sempre ajudou na venda das verduras produzidas pela família. Agora pretendo fazer o curso de conservação de alimentos, revela.
Kátia Solek administra com o marido e a família uma propriedade de sete hectares em Piraí do Sul onde a principal atividade é uma agroindústria que processa polpas de suco. Kátia já realizou treinamentos sobre morango, derivados do leite, milho, mandioca, manipulação de alimentos, Mulher Atual e hoje frequenta o curso de empreendedor rural. Sempre gostei dessa área de alimentos. A troca de conhecimentos é o mais importante e o diploma do curso ainda vale como horas para o currículo, argumenta. Kátia afirma que após participar do Mulher Atual se envolveu mais na tomada de decisões da propriedade. Com mais conhecimento temos mais capacidade de enfrentar as adversidades do trabalho, avalia.(M.F.)
Estímulo aos jovens é prioridade
Prioridade para o Senar, o programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) recebeu o maior investimento da entidade em 2010: 17% dos esforços financeiros e de trabalho. Criado há sete anos, o programa já atendeu mais de 13 mil jovens. A previsão para este ano é atender 5.760 participantes em 260 cursos. Em 2010 o JAA promoveu 258 cursos, nos quais 3.837 foram aprovados.
Segundo Elcio Chagas da Silva, gerente técnico do Senar, a proposta do JAA é mostrar aos jovens, com idade entre 14 e 18 anos, que o meio rural é uma opção de carreira. O programa apresenta a diversidade de atividades disponíveis na agricultura, pecuária e silvicultura. Mostra também uma oportunidade de sucessão familiar de um negócio que já está estabelecido, afirma.
Para incentivar e estimular os jovens produtores rurais, Elcio também sugere a inclusão de conteúdos do meio rural nas disciplinas convencionais da grade curricular das escolas, como em exemplos de questões de matemática em que pode ser solicitado ao aluno o cálculo de uso de insumos por área cultivada.
Para o engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, a busca por formação no meio rural é uma tendência. Segundo ele, a permanência dos jovens na atividade agropecuária depende da capacitação e atualização constante na atividade, que possibilitará a geração de renda e qualidade de vida no campo.
O doutor em comunicação, Dado Schneider, ressalta que o envolvimento do jovem na administração da propriedade deve passar pela capacitação. Segundo ele, o jovem que não tiver formação para trabalhar em sua atividade, falar inglês ou tiver conhecimento em informática, pode ficar à margem do desenvolvimento rural.
Casas Familiares Rurais
Na semana passada, o Governo do Paraná determinou a criação de um grupo técnico, envolvendo as secretarias da Agricultura, Educação e Planejamento, para estudar um projeto que garanta recursos para a ampliação da rede de Casas Familiares Rurais. A rede visa oferecer formação técnica a jovens do meio rural e pesqueiro, para incentivar a permanência dos alunos em suas regiões e criar alternativas de trabalho e renda.
No Paraná, o programa, promovido pela Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul (Arcafar Sul), atende 2.365 jovens, em 43 unidades que abrangem 118 municípios. A associação solicitou a elaboração de um projeto de lei que oficialize o programa e garanta recursos no Plano Plurianual (PPA) para a construção de 24 novas casas. O curso tem duração de três anos em regime de internato e atende jovens agricultores com idade de 16 a 26 anos.(M.F.)
Fonte: Folha de Londrina – 30/07/2011 –
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