Sistema FAEP

Balanças comerciais do Brasil e Paraná contabilizam superávit em 2017

No âmbito nacional, o saldo positivo recorde foi de US$ 67 bilhões, enquanto o Estado atingiu crescimento de 61% em relação a 2016

Elaborado pelo Departamento Técnico-Econômico (DTE) da FAEP

A balança comercial brasileira registrou saldo positivo recorde de US$ 67 bilhões em 2017, superando em 40,49% o saldo de 2016. As exportações totalizaram US$ 217,7 bilhões e as importações US$ 150,7 bilhões, o que representa um aumento de 17,55% e 9,59%, respectivamente, em relação ao ano anterior, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). As exportações do agronegócio somaram US$ 96,01 bilhões, o que corresponde a 44% do total exportado pelo Brasil. O complexo soja é o destaque do setor com US$ 31,72 bilhões em valor exportado.

A balança comercial do Paraná teve superávit de US$ 6,56 bilhões e crescimento de 61% em relação a 2016. O valor exportado foi de US$ 18,08 bilhões, alta de 19% em relação a 2016. As importações cresceram 4% somando US$ 11,52 bilhões. O valor exportado pelo agronegócio paranaense atingiu US$ 13,63 bilhões, 75% da exportação total do Estado. O complexo soja também é a principal cadeia do agronegócio no Paraná, com valor exportado de US$ 5,66 bilhões em 2017.

BRASIL

Exportações

Em 2017, do total exportado, 44,12% concentrou-se em 10 produtos dos quais 8 estão relacionados com o agronegócio e representam 28,8% das exportações nacionais .

Tabela 01 – Top 10 das exportações brasileiras em 2017

Ranking Nacional 2017 2016 Var% 17/16

US$

Valor        (milhões US$) Part% Quantidade

(mil ton)

Valor        (milhões US$) Part% Quantidade

(mil ton)

Soja em grão 25.712 11,81% 68.148 19.327 10,43% 51.577 33,03%
Minério de Ferro 16.713 7,68% 353.261 11.576 6,25% 344.548 44,38%
Óleos de Petróleo 16.625 7,64% 51.965 10.074 5,44% 41.624 65,03%
Açúcar 9.041 4,15% 23.331 8.280 4,47% 23.659 9,20%
Pasta química de madeira 5.804 2,67% 13.007 5.129 2,77% 12.734 13,15%
Carne de frango congelada (pedaços) 4.618 2,12% 2.698 3.952 2,13% 2.587 16,84%
Café 4.600 2,11% 1.648 4.843 2,61% 1.824 -5,01%
Milho em grão 4.566 2,10% 29.243 3.651 1,97% 21.833 25,03%
Carne bovina congelada 4.356 2,00% 1.069 3.571 1,93% 931 22,00%
10° Farelo de soja 4.039 1,85% 11.728 4.331 2,34% 12.348 -6,76%
Brasil 217.739 100% 691.915 185.235 100% 645.318 17,55%

Fonte: MAPA. Elaboração: DTE|FAEP

Liderando o ranking das exportações, o complexo soja tem a China como seu maior importador com US$ 20,6 bilhões, seguido da União Europeia com US$ 4,6 bilhões. A China teve um crescimento nas importações do Brasil de 27,6% no ano de 2017 em relação a 2016, e lidera a lista de países importadores com US$ 26,58 bilhões (27,68%), tendo também expressiva importação de produtos florestais (US$ 2,8 bi) e carnes (US$ 1,8 bi).

A União Europeia totalizou importações, em 2017, de US$ 16,95 bilhões, distribuídos principalmente no complexo soja (US$ 4,6 bi), café (US$ 2,5 bi) e produtos florestais (US$ 2,7 bi). Este último também aparece na lista de produtos exportados para os Estados Unidos, representando 35% dos US$ 6,7 bilhões de exportações totais. Os produtos florestais são acompanhados pelo café, complexo sucroalcooleiro e de sucos na lista dos itens mais exportados pelo Brasil aos EUA. Japão e Hong Kong juntos registraram US$ 5 bilhões de importações com grande concentração em carnes, café, cereais e soja.

Importações

Na lista dos 100 principais produtos importados pelo Brasil em 2017, que representam 55% do total, a liderança é do óleo diesel (US$ 5,6 bi), seguido das naftas para petroquímica (US$ 3,4 bi) e dos óleos brutos de petróleo (US$ 2,8 bi). A pulverização entre todos os produtos é grande e cada um tem uma pequena representatividade do total. Individualmente a ureia encabeça a lista de produtos do agronegócio com importações de US$ 1,24 bilhão e é o produto em 12º colocado na lista dos 100 mais, porém na soma de todos os fertilizantes o total é de US$ 7,33 bilhões, representando 4,86% do nacional.

O trigo se destaca no ranking das importações do agronegócio ocupando a 2ª posição no setor e a 16ª posição geral com 6 milhões de toneladas e US$ 1,15 bilhão. Apesar da baixa produtividade nacional e da necessidade de importação, houve queda de 12,38% na quantidade e 14% no valor quando comparada com 2016. Esta diferença evidencia também a redução nos preços de comercialização entre 2016 e 2017.

Importações do Agronegócio

Ranking Nacional 2017 2016 Var%

17/16

US$

Valor        (milhões US$) Part% Quantidade      (mil ton.) Valor        (milhões US$) Part% Quantidade        (mil ton.)
12° Ureia 1.244 0,82% 5.424 902 0,66% 3.957 37,81%
16° Trigo 1.148 0,76% 6.016 1.335 0,97% 6.866 -14,05%
19° Álcool 897 0,60% 1.452 372 0,27% 617 141,20%
27° Outros Adubos 695 0,46% 2.197 547 0,40% 1.603 27,11%
33° Salmão 504 0,33% 72 432 0,31% 65 16,71%
35° Outros Fungicidas 499 0,33% 27 624 0,45% 33 -20,00%
43° Malte 412 0,27% 807 480 0,35% 868 -14,22%
49° Metanol 365 0,24% 1.158 224 0,16% 1.058 63,01%
54° Vinhos 338 0,22% 133 260 0,19% 88 29,87%
10° 55° Batatas preparadas 332 0,22% 349 322 0,23% 346 3,20%
BRASIL 150.749 100% 147.949 137.552 100% 138.414 9,59%

Fonte: MAPA. Elaboração: DTE|FAEP

PARANÁ

Em 2017, a balança comercial paranaense teve o 3° ano consecutivo de superávit, atingindo US$ 6,56 bilhões e crescimento de 61% em relação a 2016. O aumento de 19% no valor exportado (US$ 18,08 bilhões) foi acompanhado por um aumento de 4% no valor das importações (US$ 11,52 bilhões). O valor total exportado pelo Paraná em 2017 foi o 2º maior da série histórica, atrás apenas de 2013 quando foram exportados US$ 18,24 bilhões. Apenas 100 produtos respondem por 90% do valor exportado pelo Paraná, e desses, 57 são produtos do agronegócio.

A taxa de câmbio média em 2017 foi de R$ 3,19 contra R$ 3,48 em 2016 (redução de -8%). No entanto, o real valorizado não foi suficiente para impactar negativamente as exportações brasileiras dos produtos agropecuários. O crescimento do valor exportado se deu principalmente em função do aumento da quantidade embarcada da maioria dos produtos agropecuários que tiveram aumento de demanda por parte dos principais importadores em 2017.

A balança comercial do agronegócio paranaense teve superávit de US$ 12 bilhões em 2017 superando em US$ 2,4 bilhões o saldo de 2016. Em termos percentuais, houve aumento de 25% no superávit do agronegócio de 2017 em relação a 2016. O Paraná exportou US$ 13,63 bilhões em produtos do agronegócio em 2017, o que representou 14% dos US$ 96 bilhões exportados pelo Brasil. O estado é o terceiro maior exportador do agronegócio nacional. São Paulo lidera o ranking com o complexo sucroalcooleiro e Mato Grosso vem na sequência com o complexo soja. Houve aumento de 18% no valor exportado pelo Paraná em comparação com 2016.

Setores do agronegócio

A maioria das cadeias registrou aumento de receita com exportação em comparação com 2016. Dentre as 10 principais, apenas a do café teve queda de -12% no valor exportado em função principalmente do menor volume. No Paraná, o complexo soja (grão, farelo e óleo) liderou o ranking das exportações do agronegócio em 2017 com US$ 5,66 bilhões o que representa 42% das exportações. O complexo carnes (frango, suína, bovina, peru e equina) ficou em segundo lugar com US$ 2,96 bilhões e 22% do valor exportado. Os produtos florestais (borracha, celulose, madeira e papel) vieram na sequência com US$ 2,24 bilhões e 16% do total arrecadado.

Dentre os principais produtos exportados pelo Paraná, nove são do agronegócio. Apenas a 5ª posição é ocupada por produto industrializado (automóveis). Estes nove produtos somaram um valor exportado de US$ 10,06 bilhões o que corresponde a 56% do total das exportações do Paraná. A soja em grão é o principal produto exportado pelo estado em valor e quantidade. Em 2017 foram US$ 4,14 bilhões exportados e 10,92 milhões de toneladas do grão. O farelo e o óleo também ocupam posição de destaque nas exportações paranaenses ocupando a 4ª a 9ª posição, respectivamente. Destes 10 principais produtos exportados pelo Paraná, apenas farelo e carne de frango inteira registraram queda no valor exportado em 2017 devido a uma combinação de menor quantidade embarcada e menor preço.

A pasta química de madeira e milho em grão tiveram o melhor desempenho deste ranking motivado principalmente pela maior volume exportado. A quantidade exportada de milho aumentou de 1,84 milhão de toneladas em 2016 para 2,97 milhões de toneladas em 2017, um crescimento de 62%. O preço por tonelada, no entanto teve redução de 5% em comparação com 2016.

Destinos

Os maiores importadores do Paraná, de produtos em geral, são China (soja em grão), Argentina (automóveis), Estados Unidos (madeira), Holanda (farelo de soja), Japão (frango em pedaço) e Arábia Saudita (frango inteiro). A China absorveu 26% das exportações paranaenses, com demanda bastante concentrada (93%) em apenas 4 produtos, sendo 2 deles do complexo soja (grão e óleo), além de frango em pedaço e pasta química de madeira.

Grãos

As exportações brasileiras de soja em grão totalizaram 68 milhões de toneladas em 2017, superando em 32% a quantidade exportada em 2016. A demanda aquecida garantiu o aumento de 33% do valor exportado, uma vez que o preço médio teve queda de 1%. O volume de milho brasileiro exportado cresceu 34% em 2017, totalizando 29 milhões de toneladas. O preço médio, no entanto, caiu 7% em relação a 2016. O volume de soja exportado pelo Paraná foi de 10,92 milhões de toneladas, com aumento de 37% em comparação com 2016. A demanda pela soja paranaense foi maior na maioria dos importadores, especialmente da China, Paquistão e Taiwan. A China ampliou seus estoques de soja em 21% na safra 2016/17.

As exportações de milho do estado totalizaram 2,97 milhões de toneladas, superando em 62% o total de 2016, refletindo o excesso de oferta brasileira e a demanda maior de países como o Irã, Japão e Espanha. O resultando foi um aumento de 54% no valor de milho exportado em 2017. O expressivo aumento dos embarques não foi acompanhando pelo preço, que caiu 5% em 2017 com média de US$ 158/tonelada. A queda de preços não ocorreu apenas no Brasil, mas no mundo, reflexo da grande produção e estoque de passagem da safra 2016/17.

Nas importações brasileiras, o trigo e o milho se destacaram na pauta do agronegócio. Em 2017 foram 6 milhões de toneladas de trigo importadas com queda de 12% em comparação a 2016. O preço médio também caiu 2% no período. As importações de milho tiveram queda ainda mais expressiva de 54% em relação à quantidade importada, totalizando 1,3 milhão de toneladas. O preço médio de importação teve redução de 10%. A boa safra paranaense também resultou em queda das importações de milho e trigo pelo estado. Foram 534.152 toneladas de milho importadas pelo Paraná em 2017 com queda de 53% em relação ao volume adquirido em 2016 e com preço 20% inferior. As compras de trigo também caíram 41% em 2017 para 479.379 toneladas, porém com pequena redução de preço (-1%).

Carnes

No complexo carnes, o frango foi a proteína animal mais exportada em 2017, tanto nos embarques brasileiros (63%) quanto paranaenses (90%). Nesse período, saíram do Paraná 1,57 bilhão de toneladas. Os principais produtos exportados são frango em pedaços e miúdos congelados, que correspondem a 66% do frango exportado pelo Estado. Se comparado a 2016, o Brasil registrou queda de 2% no valor exportado, porém aumento de 7% no valor unitário do frango. Essa combinação resultou em 6% a mais de receita, totalizando US$ 7,1 bilhões em 2017. Já o Paraná apresentou aumento tato no volume exportado (2%) quanto no valor unitário (7%), gerando 9% a mais de receita que em 2016, totalizando US$ 2,5 bilhões.

Apesar do episódio da “Operação Carne Fraca” ter prejudicado o desempenho do frango, os números das exportações foram satisfatório, principalmente para o Paraná. A recuperação do setor foi rápida e demonstrou que a carne de frango brasileira, de baixo custo, é necessária para os mais de 150 países importadores. Seguida do frango, a carne suína se consolidou a segunda proteína animal mais exportada pelo Paraná em 2017, representando 6% do total de carnes.  Já no cenário brasileiro, quem ocupa a segunda colocação é a carne bovina, com 22%.

Produtos Florestais

O produto florestal mais representativo na exportação brasileira foi a pasta química de madeira (celulose) com 6,35 bilhões de dólares exportados em 2017. Este resultado é reflexo do aumento da demanda externa por papel, principalmente em países emergentes como a China, que importou 2,56 bilhões de dólares deste produto em 2017.

Quanto ao Paraná, o setor florestal possui participação significativa. Em 2017, os produtos florestais superaram, em valor e volume, as exportações de 2016. No estado a madeira foi responsável por metade (51,6%) dos produtos florestais exportados, que aumentou em 195 milhões de dólares em relação a 2016. Os fatores que contribuíram para este resultado foram o aumento da demanda por madeira, principalmente os Estados Unidos, aliado ao baixo consumo interno, causado pela crise econômica de 2016.

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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