Desde 2019, a produtora Rosana Gabardo Pallu se dedica à produção de morangos, na propriedade da família, em Mandirituba, Região Metropolitana de Curitiba (RMC). Com o negócio dando certo, a produtora deu um passo ousado e dobrou o número de estufas. O avanço na produção, no entanto, trouxe desafios. Com isso, Rosana passou a ter dificuldades para manter a gestão da propriedade. Há um ano, a produtora passou a receber Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Sistema FAEP/SENAR-PR. A consultoria personalizada foi determinante para que a produtora profissionalizasse a gestão e, agora, planeje uma nova expansão do negócio.
O aumento de produção na propriedade ocorreu em 2021. Até então, Rosana mantinha duas estufas, em que cultivava 10 mil pés de morango, com produtividade média de 12 toneladas por ano. A expansão ocorreu para que o marido José Marcos pudesse deixar o emprego de metalúrgico para se dedicar integralmente aos morangos. Com duas novas estufas, a produção média saltou para 18 toneladas/ano. Mas o volume de trabalho fez com que a família fosse deixando de lado boas práticas de gestão, como fluxo de caixa (quanto ganhava e quanto gastava). Foi aí que viu acender o alerta.
Ficou uma bagunça. Nós não tínhamos noção exata de quanto estava custando o morango que a gente produzia. Não tínhamos ideia do lucro, do que entrava e do que saía. Estava sem controle. Eu vi que nós precisávamos de algo que organizasse a gestão.
Rosana Gabardo Pallu, produtora rural em Mandirituba
Então, a ATeG do Sistema FAEP/SENAR-PR apareceu na vida da família. Em junho de 2023, a propriedade recebeu a primeira visita do técnico Edenir Koslovski, que identificou que o casal precisava profissionalizar a gestão do negócio. Em conjunto, o técnico e os produtores fizeram o inventário dos bens da propriedade, o levantamento dos custos de produção e estabeleceram o fluxo de despesas e de receitas. A partir disso, a família pode ter uma visão real e abrangente do negócio.
Desde então, Rosana e José Marcos anotam todas as movimentações financeiras em um caderno de campo. A cada visita mensal do técnico, os dados são lançados na plataforma digital da ATeG. O programa gera uma série de dados e de gráficos, que otimizam a gestão. Todos esses recursos podem ser acessados pelos produtores a qualquer momento, em tempo real, a partir de um aplicativo de celular. Tudo isso possibilita a profissionalização da gestão e contribui para que os produtores tomem decisões de forma mais segura e assertiva.
“A cada visita, a gente lança no sistema os dados que o produtor anotou. Com isso, ele consegue acompanhar de forma dinâmica. Se ele quiser saber qual o custo de produção, está ali. Se quiser saber quanto gastou com embalagens nos últimos 12 meses, consegue ver na hora. Ele tem tudo isso e muito mais na palma da mão”, explica Koslovski. “Agora eu sei o quanto eu gasto em cada pezinho de morango”, resume Rosana.
Em campo
A ATeG não se restringiu aos serviços administrativos. Nas estufas, o técnico identificou que as plantas – algumas já passavam dos cinco anos – estavam perdendo a capacidade produtiva. Koslovski e os produtores fizeram as contas e chegaram à conclusão de que era necessário substituir todas as mudas da propriedade. Optaram por variedades chilenas e espanholas. Agora, os produtores esperam um recorde de produção no próximo semestre. “Até janeiro de 2025, devemos colher 15 mil quilos da fruta”, aponta Rosana.
Além disso, o técnico também mantém um olhar apurado em cada visita, fazendo recomendações de acordo com as necessidades de cada propriedade. Com mais de 30 certificados de cursos do Sistema FAEP/SENAR-PR, Rosana sabe o que fazer. Mas a visão específica do profissional sempre ajuda nos cuidados com as estufas, desde os tratos culturais ao controle biológico de pragas e de doenças.
“Cada produtor tem suas particularidades. Então, em cada propriedade faz uma recomendação ajustada, seja de manejo ou de algum tipo de investimento”, explica Koslovski.
Nova expansão
Com o cultivo indo bem dentro das estufas e com a gestão profissionalizada, Rosana e José Marcos passaram a ter o negócio nas mãos. Assim, o casal já planeja uma nova expansão. Os produtores começaram a investir no cultivo de mirtilo e de amora – essa última deve dar a primeira florada já em setembro. Além disso, eles vão ampliar a produção de morangos: até o fim do ano, a propriedade contará com mais uma estufa, totalizando 25 mil pés da fruta. “Nosso sonho é chegar a 100 mil plantas de morango”, revela Rosana.
A propriedade é administrada com mão de obra exclusivamente familiar. Além de Rosana e José Marcos, dois filhos do casal – de 24 e de 27 anos – já contribuem com o negócio, trabalhando inclusive na distribuição. Além disso, a irmã de Rosana também atua no cultivo.
Fora da porteira, a família também atua para fortalecer a fruticultura do município. Rosana é vice-presidente de uma cooperativa em Mandirituba, que reúne 40 produtores de morango. Fundada há três anos, a entidade tem contribuído para que os produtores consigam otimizar a distribuição e a comercialização, implicando em mais dinheiro do bolso dos cooperados.
“A ATeG também tem ajudado nessa visão de cooperativa. Temos muitos produtores organizados, cultivando de acordo com as boas práticas. A gente tem o objetivo de que Mandirituba fique conhecida pelo morango”, conclui Rosana.
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