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Após susto no arranque, semana de chuva traz alívio à lavoura

PR e MT iniciam retirada da soja e do milho com produtividades baixas e variadas, mas estiagem está com dias contados

Três meses após a seca do plantio, a colheita da soja e do milho de verão também começa com falta de chuva e calor excessivo. Por conta dos problemas iniciais, Paraná, Mato Grosso e Goiás abrem a temporada de retirada dos grãos dos campos com produtividades variadas e abaixo das médias. A estiagem atual ameaça as lavouras da segunda leva do plantio, que são bem maiores. O alento vem das previsões , que prometem chuvas para a maior parte das regiões agrícolas do país ainda nesta semana.

Os estados do Centro-Oeste e do Matopiba – fronteira agrícola formada pelo Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia – devem receber mais de 50 milímetros de precipitações em dez dias. Uma frente fria deve romper bloqueio atmosférico levando alívio a importantes regiões de produção de grãos. Só o corredor de São Paulo, Minas Gerais e Oeste da Bahia terá de esperar mais uma semana pelas chuvas.

Agricultor espalha grãos sobre caminhão em dia de colheita em Campina da Lagoa, no Centro-Oeste do Paraná. Primeira leva de lavouras tem produtividade variada e não define a temporada e em Mato Grosso. No Oeste paranaense, no entorno de Cascavel e Toledo, os primeiros registros são de produtividades da casa de 1,5 mil à de 3 mil quilos por hectare. “São áreas que sofreram bastante com a seca”, destaca Marcelo Garrido, economista do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab).

Mesmo assim, o clima não chega a preocupar para a continuidade da colheita. A previsão é de chuvas homogêneas para o restante do período. “As outras regiões do estado estão indo bem, pois o clima é satisfatório. A projeção ainda é de 17 milhões de toneladas de soja”, ressalta Garrido. O estado colhe os primeiros 5% dos 5,1 milhões de hectares semeados.

Em Mato Grosso, principal produtor da oleaginosa no país, os problemas pontuais também marcaram o início dos trabalhos. Nas regiões com falta de chuva, a produtividade média tem ficado em 2,7 mil quilos por hectare. “Quem pegou a seca está colhendo abaixo da média. Entre os produtores que plantaram soja precoce no início das chuvas de outubro, a média é de 60 sacas [3,2 mil kg] por hectare”, relata o diretor administrativo da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Nelson Piccoli.

Ele considera a necessidade de chuvas urgente, uma vez que 30% das áreas plantadas estão com problemas e podem perder produtividade. Isso representa 3 milhões de hectares, perto de 10% da área nacional. Até o momento, quase 5% da área total do Mato Grosso já foram colhidos.

Mato Grosso do Sul abriu a colheita da soja com bons resultados e comemora ajuda de São Pedro. “Quem colheu está com média de 52 sacas [3,12 mil kg] por hectare”, diz Leonardo Carlotto, analista de grãos da Federação da Agricultura e Pecuária (Famasul). Com chuvas uniformes previstas para as próximas semanas, a entidade elevou a safra estadual, antes estimada em 6,5 milhões, para 7 milhões de toneladas.

Além de Paraná e Mato Grosso, Goiás também registra início de colheita conturbado. A Federação da Agricultura (Faeg) estima 7% de perdas nas lavouras colhidas até o momento. “Isso é irreversível, mesmo que chova”, afirma Pedro Arantes, consultor técnico da Faeg. O órgão rebaixou a produtividade média para 3 mil quilos por hectare e a safra estadual para 9,3 milhões de toneladas. Na época de plantio, a projeção era de 3,1 mil quilos por hectare e 9,8 milhões de toneladas, respectivamente.

Cereal

Ao contrário da soja, o clima não tem assustado os produtores de milho. Nos dois estados que já começaram a colheita, Paraná e Rio Grande do Sul, a produtividade das primeiras lavouras está dentro das previsões dos órgãos oficiais.

No Sudoeste do Paraná, apesar da irregularidade das chuvas, o cereal se desenvolveu bem. “Está tudo dentro da normalidade. O trabalho será intensificado nos próximos dias”, disse a agrônoma Juliana Yagushi, do Departamento de Economia Rural (Deral). O estado espera colher 4,6 milhões de toneladas, com produtividade 5% melhor.

No Rio Grande do Sul, a colheita começou há uma semana pela região Noroeste, maior produtora do cereal no estado com 120 mil hectares cultivados. O clima no é considerado bom. Os gaúchos esperam alcançar 4,8 milhões de toneladas do grão.

 
Fonte: Gazeta do Povo – 20/01/2015

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