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Análise: comercialização da soja segue a passos lentos no Paraná

Quebra na safra estadual e redução do apetite chinês colocam negócios envolvendo a soja paranaense abaixo do ritmo da temporada passada

A comercialização da soja na safra 2018/19 tem caminhado de forma mais lenta. Os dados do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) confirmam essa tendência, apontando que os negócios na temporada atual alcançaram 44% em abril deste ano, seis pontos percentuais mais lenta em relação à safra anterior. Porém, a comercialização está no mesmo patamar quando comparada à média das últimas cinco safras.

Diversos fatores podem explicar o avanço mais lento da comercialização da soja nesta safra no Paraná. O primeiro está na própria redução da produção. A produção estadual, já concluída, ficou em 16,2 milhões de toneladas, contra 19,6 milhões estimadas no início da safra, queda de 17%. Com a produção menor é de se esperar avanço também menor da comercialização. Conforme os contratos de venda antecipada são atendidos, o percentual para venda tradicional tende a diminuir em anos com safra menor.

Outro fator está na redução das exportações do Complexo Soja. As receitas com as exportações recuaram 13,1% no primeiro trimestre do ano no comparativo com igual período de 2018. Já o volume recuou 7,5%. Isso aponta para uma redução do apetite internacional pela soja paranaense. Vale lembrar que a China, principal comprador, está enfrentando dificuldades por conta da peste suína.

Os cenários político-econômico internacional e interno estão também no radar dos produtores paranaenses. No cenário mundial, o produtor está atento ao desenvolvimento do conflito comercial entre Estados Unidos e China. As negociações parecem caminhar de lado neste momento. E com um novo revés aos chineses, o governo dos Estados Unidos determinou novas taxações sobre produtos chineses. Novas reuniões entre os dois países já estão agendadas para maio, embora os chineses já sinalizaram a revisão das agendas. No mercado interno, o produtor tem observado os desdobramentos da política nacional e seus impactos sobre a taxa de câmbio. Ou seja, agricultores têm aproveitado as janelas de comercialização abertas em cada nova subida do dólar.

Por fim, as condições de oferta e demanda em outros importantes países produtores estão também sendo observados pelos produtores no Paraná. O clima tem se mostrado adverso neste início da nova safra nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil.

O cenário é de cautela e o produtor está atento, pois diversas são as variáveis a serem observadas e analisadas, o que exige atenção e estratégia no momento da comercialização.

Armazenagem

Com a comercialização mais lenta, a hipótese de problemas de armazenamento logo é debatida com os agentes econômicos. Atualmente, a capacidade de armazenagem do
Paraná está em 29,7 milhões de toneladas, com relativa estabilidade nas últimas três safras.

O problema de armazenagem, por ora, pode ser descartado, embora a perspectiva seja de produzir 37,3 milhões de toneladas na safra 2018/19, 7 milhões de toneladas acima da capacidade de armazenagem atual. Cerca de 2,96 milhões de toneladas de grãos (soja e milho) já foram exportadas apenas neste primeiro trimestre. Além disso, o forte consumo interno paranaense pela indústria de proteína animal e a chegada gradativa da produção aos armazéns garantem condições adequadas para a estocagem dos grãos.

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Antonio Senkovski

Repórter e produtor de conteúdo multimídia. Desde 2016, atua como setorista do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial) em veículos de comunicação. Atualmente, faz parte a equipe de Comunicação Social do Sistema FAEP/SENAR-PR. Entre as principais funções desempenhadas estão a elaboração de reportagens para a revista Boletim Informativo; a apresentação de programas de rádio, podcasts, vídeos e lives; a criação de campanhas institucionais multimídia; e assessoria de imprensa.

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