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Agricultura requer nova técnica

A industrialização da agricultura deverá ser o caminho natural para suprir as necessidades mundiais de produção de alimentos com redução do uso da água em um cenário de mudanças climáticas. “A agricultura é um solo fértil para a inovação. No futuro, a área agrícola da América Latina vai aumentar 14 milhões de hectares.

O aumento da produtividade será essencial para fazer frente aos desafios do futuro e depende da inovação. “Teremos que investir cada vez mais em uma agricultura de precisão”, diz Alex Foessel, diretor do Centro de Inovação Tecnológica Latino-Americano da Deere & Company, líder mundial na fabricação de equipamentos agrícolas, na 3ª Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos promovida pelo BNDES na semana passada, no Rio.

A expectativa de que a população do planeta necessite nos próximos 40 anos de uma quantidade de alimento equivalente a tudo o que o homem já consumiu no último século e meio deu o tom dos desafios em um painel sobre as “Oportunidades de inovação em energia, alimentos e água”. Apesar de algumas incertezas identificadas no cenário, as manifestações dos participantes do encontro foram, em geral, otimistas. A convicção é de que, no momento crucial, governos, pesquisadores e empresas vão chegar às soluções necessárias.

“A água vai ser o grande gargalo do Brasil. Temos que trabalhar com tecnologias para o uso eficiente do recurso”

Um dos caminhos que podem ser seguidos, a industrialização agrícola, é o que persegue a Odebrecht Agroindustrial. Criada em 2007, a empresa colheu na primeira safra, em 2008, 25 milhões de toneladas de cana com expectativa de chegar a 40 milhões de toneladas nos próximos anos. A lavoura ocupa áreas degradadas recuperadas, emprega novas variedades da cultura, aposta em tecnologias de irrigação e na mecanização e agrega à produção de açúcar e etanol a geração de bioeletricidade. “O modelo e o conceito do negócio estão baseados na sustentabilidade”, afirma Carlos Eduardo Calmanovici, diretor de inovação da Odebrecht Agroindustrial.

“A população mundial vai crescer e vamos precisar produzir o dobro de alimentos em uma quantidade finita de terra e água. A parceria será indispensável para o sucesso”, diz James Milliken, reitor da Universidade de Nebraska, que desenvolve projetos em colaboração com instituições de ensino e pesquisa de dezenove países.

“Precisamos inovar não só em tecnologia, mas também na transferência de tecnologia. A produção mundial de milho chega a 15 toneladas por hectare e a média brasileira está em três ou quatro toneladas por hectare”, afirma Lineu Neiva Rodrigues, coordenador de parcerias internacionais da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que tem 78 acordos bilaterais com 89 instituições de pesquisa de 56 países, ao tocar em um ponto sensível das relações de intercâmbio entre Brasil e Estados Unidos.

Os dois países já desenvolvem diversos projetos agrícolas conjuntos. A própria Embrapa e a Universidade da Flórida são parceiras em um programa que busca o desenvolvimento da agricultura nas savanas de Moçambique, na África, e em outro que pesquisa uma defesa contra o ataque bacteriológico às frutas cítricas, que provoca perdas de US$ 4 bilhões por ano nos pomares americanos.

A escassez de água no mundo também mobilizou parte das discussões realizadas no evento. O problema é grave mesmo no Brasil que tem 12% da água doce de superfície do planeta. O potencial hídrico mal distribuído, com concentração de 81% das reservas na Amazônia, onde se concentra apenas 15% da população brasileira, já provoca conflitos pelo uso da água. “A água vai ser o grande gargalo do Brasil. Temos que trabalhar com tecnologias para o uso eficiente da água”, diz Lineu Neiva Rodrigues, da Embrapa.

No mundo, o problema é ainda mais grave. Hoje, 70% da água consumida no planeta vão para a agricultura, de acordo com dados citados na 3ª Conferência de Inovação Brasil-Estados Unidos. Mas apenas 17% das áreas agrícola do planeta são irrigadas, embora sejam responsáveis por 40% do abastecimento de alimentos.

No Brasil, apenas 6 milhões de hectares são irrigados, mas o potencial do país é de 30 milhões de hectares irrigáveis. Uma das certezas do encontro é que sem irrigação não se conseguirá produzir os alimentos que o mundo precisa. A outra é de que com desperdício de água também não se chegará lá. “Em um cenário de escassez, a primeira conta a ser fazer é determinar quanto de água se deve usar para produzir qualquer coisa. É preciso também buscar cada vez mais a agricultura de precisão, porque se irrigar demais, além do desperdício de água, há o risco de se saturar o solo”, afirmou Samuel Allen, CEO da Deere & Company.

Valor Online

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