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Agricultura inicia nova fase com lavoura, pecuária e floresta integradas

Com o fim do ciclo de alta das commodities, setor concentra esforços em tecnologia, gestão e agregação de valor

A agricultura brasileira começa viver a terceira revolução. A primeira foi a chegada do plantio direto nos anos 1970. O produtor teve seus custos diminuídos e deixou de agredir o solo anualmente com a remoção da terra.

A segunda foi a adoção do plantio de milho no inverno, a chamada safrinha. Criou-se uma renda para um período em que boa parte da terra ficava sem cultivo.

Agora o país adota a terceira revolução, constituída por uma integração entre lavoura, pecuária e floresta.

“É uma otimização do uso dos ativos que o produtor têm”, diz Paulo Herrmann, presidente da John Deere e entusiasta dessa nova fase.

O processo ainda está no começo e exige investimentos, mas quem já o adota sente os efeitos na renda.

Quem está na lavoura terá de aprender a ser pecuarista. Já os pecuaristas também não terão uma vida fácil ao ter de conviver com os desafios da produção de grãos.

Cresce ainda mais a dificuldade para os que incorporarem floresta na integração.

O resultado, no entanto, compensa, segundo Flávio Wruck, da Embrapa, empresa que tem conduzido as pesquisas nessa nova fase da agricultura brasileira.

Jorge Pires foi um que, pecuarista, se lançou na produção de grãos. Está promovendo uma revolução na fazenda Rio do Sangue, em Brasnorte (MT). Os desafios são grandes, a começar pelos cem quilômetros de estradas da propriedade. Onde antes passavam só bois, agora passam também colheitadeiras de grande porte, que exigem estradas planas e conservadas.

A integração traz novos horizontes, diz Pires. Antes com um olhar apenas voltado para o gado, ele tem de se preocupar com a produção de grãos, armazenagem, trabalhadores com um perfil mais qualificado e até a industrialização da ração, grãos produzidos na própria fazenda.

Lycurgo Iran Nora, consultor da fazenda, diz que a utilização da própria matéria-prima nesse processo evita o passeio de grãos saindo da propriedade e o de outros insumos entrando para a alimentação do gado.

José Constantini, da fazenda Malanda, também um pecuarista da região de Brasnorte que aderiu à lavoura, diz que esse novo sistema permitiu um ganho de produtividade tanto na pecuária como na lavoura. Hoje produz o dobro de há três anos, diz ele.

“Além do aumento de produtividade, esse novo sistema traz fluxo de caixa.”

Agora nas duas atividades, Pires avalia que o pecuarista é estritamente tradicional. Sem endividamento, mas com pouco avanço na atividade. Já a agricultura tem um ritmo dinâmico, até pela disponibilidade de mais equipamentos para a atividade.

Ele alerta, no entanto, para o fato de o produtor precisa investir em um projeto empresarial que seja rentável, sustentável e social. “O produtor precisa estar o mais próximo possível da eficiência e da competitividade.”

TÉCNICA

Para Wruck, o ideal é o produtor inicialmente desenvolver essa nova atividade em pequenas áreas, para aprender a técnica. Os custos iniciais dessa integração podem superar R$ 2.000 por hectare, dependendo da terra.

Nora destaca o avanço que a pecuária teve na genética e no controle sanitário. Mas a alimentação é essencial para o desenvolvimento do gado.

E esse sistema desenvolve bem a parte da alimentação, permitindo, inclusive, que a ocupação da pastagem intensiva suba de apenas 1,2 gado por hectare para 7 nesse novo sistema de integração.

“Entramos na fase do boi safrinha, cuja produtividade pode aumentar próximo de 14 arrobas por hectare, dependendo do nível tecnológico da fazenda”, diz Wruck.

Para Herrmann, “agora podemos fazer duas safras de grãos e uma de boi [ao ano]”.

Mas investir em algumas regiões ainda exige coragem. Gargalos que poderiam ser resolvidos de maneira simples se arrastam por anos.

Pires cita a dificuldade na obtenção de energia elétrica, o que facilitaria a secagem de grãos e até a industrialização na fazenda.

Duas linhas de alta tensão passam sobre a fazenda, mas ele ainda não tem acesso a essa energia.

Fonte: Folha de S. Paulo –  30/07/2015

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