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Produção de casulos da seda gera renda extra aos produtores do Paraná

O chamado Vale da Seda, região que comporta aproximadamente 30 cidades no Noroeste do Estado, abriga 70% da produção nacional de casulos. Desafio é a continuidade da atividade, diante do desinteresse das novas gerações

Num olhar desatento, as dezenas de barracões espalhados pelas propriedades dos municípios do Noroeste do Paraná podem dar a entender que a região é uma grande produtora de frango. Engano. As enormes estruturas com lonas nas laterais espalhadas pelas localidades abrigam uma atividade silenciosa, longe de qualquer semelhança com o piar ininterrupto de milhares de pintainhos, mas tão rentável quanto o alojamento de frango.

O chamado Vale da Seda, região que comporta aproximadamente 30 cidades no Noroeste do Estado, abriga a maior parte da produção nacional de casulos da seda. Os bichos-da-seda são incansáveis, trabalham dia e noite, o que permite produzir 70% dos fios da seda brasileiros. O restante tem origem nos Estados de São Paulo e Mato Grosso.

A sericultura, em menor ou maior proporção, é uma forma de agregar valor à propriedade e gerar renda extra ao agricultor em tempos de escassez de mão de obra para trabalhar no campo. A cultura permite diversificar as atividades, sem necessariamente contratar mais funcionários. A conta é simples: cada área de 2,4 hectares da amoreira – as folhas servem para alimentar o bicho- -da-seda – exige a dedicação de duas pessoas. Ou seja, geralmente o proprietário com auxílio da esposa e/ou do filho tocam a sericultura.

O ingresso na atividade não exige investimentos astronômicos. O primeiro passo é a construção de um barracão, geralmente com as medidas de 27 metros por 7,5 metros, suficiente para alojar quatro caixas de larvas, cada uma com 38 mil indivíduos. Essa quantidade de larvas, a cada criada de 23 a 25 dias, produz, em média, 240 quilos de casulos, que são vendidos a R$ 17 o quilo.

É possível realizar nove criadas por ano. Nos meses de inverno intenso, a atividade é suspensa. “No inverno, não tem produção porque a temperatura muito baixa deixa as amoreiras em dormência. Mas estamos trabalhando para começar a temporada mais cedo, no final de agosto, para viabilizar 10 criadas por temporada”, explica Rafael da Silva Filho, agente de sericultura da fiação de seda Bratac, empresa com fábricas em Londrina e em Bastos, em São Paulo. A segunda recebe a produção do estado paulista e do Mato Grosso.

Fomento

A Bratac é a principal – e única – fomentadora da sericultura no Brasil. Há duas décadas, o país chegou a registrar 17 fiações industriais que acabaram fechando por conta da queda na produção, em função da desistência de muitos produtores, e a concorrência chinesa. Os asiáticos são os maiores produtores mundiais do fio da seda. Porém, o produto com origem brasileira é considerado o melhor do mundo no quesito qualidade. “O pessoal lá fora tem muito interesse pelo fio daqui”, ressalta o agente da Bratac. Mesmo assim, a empresa não passou ilesa a transformação do mercado global. A Bratac chegou a contar com seis mil produtores- -fornecedores de casulos e exportar para 26 países. Hoje, apenas seis nações espalhadas pelo mundo compram o fio da seda produzido por não mais que 2,5 mil sericultores.

“A queda [na produção] não permite abastecer os mercados internacionais. A empresa está ansiosa por mais produção, mas os filhos dos produtores não querem ficar na atividade”, relata Rafael. “O lado bom é que o Paraná está mantendo o número de produtores nos últimos anos”, complementa.

Leia matéria completa nas 14 a 17 do Boletim Informativo da FAEP.

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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