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Nova classificação do trigo preocupa produtores do Paraná

A nova classificação do trigo, que passa a valer a partir de julho do próximo ano, preocupa os agricultores do Paraná. O Estado é o maior produtor nacional do cereal, colheu mais de três milhões de toneladas neste inverno. A Federação da Agricultura (Faep) e o sistema Ocepar, que reúnem as cooperativas agropecuárias, estão debatendo o assunto através de seis seminários. O primeiro aconteceu em Londrina nesta segunda, dia 29.

O Paraná planta metade do trigo produzido no país. O cereal é importante para a economia e rotação de culturas do Estado, Só o milho divide com o trigo a maior parte das lavouras do período frio. No ano passado um milhão de toneladas de trigo paranaense foram perdidas pelo excesso de chuvas na hora da colheita. Com a qualidade comprometida, os preços caíram no mercado doméstico. O governo federal garantiu a compra de mais de 70% de 2,5 milhões de toneladas colhidas. Agora, uma nova preocupação: as mudanças na classificação do trigo aprovadas pelo Ministério da Agricultura e válidas a partir da próxima safra. O assunto levou produtores a buscar informação em Londrina.

Este ano foram colhidas mais de três milhões de toneladas de trigo no Paraná. A grande maioria está dentro da classificação atual do Ministério e, mesmo assim, os moinhos alegam que boa parte do produto não está adequada para o chamado trigo pão, o principal utilizado pela indústria. E, a partir do ano que vem, pode ficar ainda mais difícil colocar trigo no mercado interno.

O especialista da Faep, Pedro Loyola, alerta que o governo federal endureceu as regras porque teve dificuldade para comercializar mais de 1,8 milhão de toneladas de trigo adquiridas por meio de Premio de Escoamento da Produção (PEP) e da Aquisição do Governo Federal (AGF), no ano passado, devido à qualidade ruim. Outra razão seria a necessidade de equiparar as normas brasileiras de classificação às internacionais.

– Nós teremos agora o melhorador pão, o trigo para biscoito e o trigo básico. O governo tem colocado nos leilões editais visando o trigo pão e o trigo melhorador. No caso daquele produtor que colheu um trigo de qualidade inferior, que às vezes poderia ir para ração animal, na classificação antiga, o governo até comprava trigo para ajudar o produtor, ajudava no escoamento desse trigo. Mas, agora, com a nova classificação, o trigo que vier com uma qualidade muito inferior e for desclassificado não vai ter mais esse apoio do governo.

Em 2011 o produtor Milton Casarolli vai plantar metade dos 200 hectares que semeou neste inverno. Para ele, normas mais rígidas poderiam estar acompanhadas de incentivos, como redução de impostos sobre os insumos. Ele também questiona a lei que exige que produtos ligados à segurança nacional, como o trigo, sejam transportados somente por embarcações brasileiras.

– Muitas vezes, o pessoal acha que o produtor é incompetente, não consegue por o trigo dele lá no Nordeste a um custo razoável. Acontece que existem leis que encarecem o transporte do trigo aqui do Sul para o Nordeste. Então, sai muito mais barato importar trigo do Canadá, da Argentina, mesmo porque existe subsídio para esse produto lá, sai muito mais barato um moinho do Nordeste puxar navio de trigo do Canadá do que aqui do Paraná. Esse é um problema político antigo e difícil.

Para o consultor da Ocepar, Robson Mafioletti, uma saída para garantir qualidade seria a pesquisa regionalizar as variedades. Quanto à comercialização, o especialista acredita que o produtor pode desanimar e partir para a exportação, o que elevaria ainda mais o preço dos derivados de trigo no Brasil.

– Por mais que a gente dependa de mais de 50% de importação, o caminho é buscar competitividade para exportar. Se a indústria quiser comprar e achar que o trigo tem qualidade que eles demandam, compra. Se não, a gente exporta porque a gente sabe que tem mercado para o nosso trigo lá fora.

Fonte: Canal Rural
Por Kátia Baggio | Londrina (PR)

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